As cores e sabores de Angela e um alento para Gilson Kleina e o Palmeiras. Por apenas um pouco de leveza na vida...

Por Marcelo Mendez

Ângela Molognoni é um doce.

Eu a via chegando para trabalhar no ABCD Maior com sua carinha de moça de Napolis, seu sorriso de Julie Andrews e seu jeitinho de Mary Poppins e já ficava mais alegre. A menina minha parceira de redação é uma daquelas coisas iluminadas, daquele tipo de gente que quando você olha da vontade de dar um abraço. Falava do seu filhinho com a mesma doçura da flauta de Henry Mancini, com a mesma leveza da mão esquerda de Michel Legrand em cima das teclas do seu piano Stenway.

Orange Blosson, Ângela...

Tudo fica mais leve com ela. Quando a menina fala de gastronomia você a lê e fica com vontade de comer a página do jornal. Quando ela conta das agruras do seu Ônibus no Jd. Alvorada a gente ri. Ângela tem o encanto de um Mark Twain pra suavizar as coisas todas ae que assolam o humor de 90% dos tristes. E como ela consegue isso? Simples:

Ângela é feliz.

A menina tem alegria, tem prazer pelo que faz e por viver a vida. Ae vamos ver como poderia a moça ajudar os verdes meus de Parque Antártica, meu sofrido Palmeiras. Oras... Falta o sorriso da menina pra encarar as durezas do caminho a ser percorrido pelo meu amado
clube da Pompéia.

Caros leitores, sábado ultimo o Palmeiras levou uma traulitada justa e merecida de 3x0 imposta pelo São Paulo. Quanto a isso, não há muito o que ser dito, quero dizer, sobre a contundência do placar, sobre a virilidade do placar clássico vociferado com gosto pelo torcedor ludopédico “Rapá foi 3x0 pra nóis”... Não.

Nada pode ser contestado com relação à vitória tricolor. Não se tira uma lasquinha sequer do baile de bola que o São Paulo deu em cima do Palmeiras. Ae se tem duas formas de ver a coisa:

Uma; Pode-se aqui encher a lauda de bobageiras, fazer como se faz por ae a vera por uma boa parte da imprensa futeboleira, retrógrada, escorada, preguiçosa e, saio falando de “notas pelas atuações”, fazendo análises táticas estapafúrdias para rechear programa de TV meia boca dito esportivos, conto como saiu os três gols (Esquecendo que todo mundo já os viu 200 mil vezes) boto ponto final e vou embora beliscar minha acelga refogada.

A outra: Procurar entender que o futebol não esta isolado numa ilha do faz de conta, livre de todos os revezes do dia a dia e ae, de uma maneira humana, procurar contextualizar o esporte e aqueles que o praticam. Isso vai muito além dos erros de escalação do bom Gilson Kleina e da buraqueira que ele deixou nas laterais do campo pra Osvaldo e Lucas dinamitarem o Palmeiras. Têm mais coisas ae no processo e da pra entender se a gente pensar no momento Palmeirense.

Amigo leitor, eu já disse aqui que como Palmeirense não me importaria nem um pouco com o fato de o meu time disputar a segunda, terceira ou oitava divisão do campeonato brasileiro desde que nisso, houvesse
verdade. Houvesse alegria. Que não faltasse encanto e então me teriam como sempre me tiveram nesses meus 41 anos de vida. Já expliquei que me fiz Palmeirense nos piores momentos dessa minha saga de torcedor porque ao torcedor cabe entender esse sentimento que o Futebol transmite, que isso está livre das falácias burocráticas e cretinas do “futebolês” tosco que se fala por ae pelas redações infestadas de mesmice e tristeza e pelos “pofexores” e estetas da autoajuda que tanto atrapalham os clubes nossos.

O torcedor é um puro. O Torcedor tem a paixão plena de um garoto virgem em busca de seu primeiro beijo na boca. Isso é o que há de mais divino nesse esporte. Isso é o que não entende o meu Palmeiras.

O nosso time esta completamente contaminado por uma tristeza atroz. Por um sentimento duro de quem não consegue entender que um pouco de alegria não atrapalharia o time na busca por seu objetivo de fugir da zona de rebaixamento. A sisudez estampada nos rostos dos jogadores do Palmeiras sábado último, derreteria o Chicabon da mocinha no banco da praça. A tensão daqueles corações caberia fácil em um filme de Sam Peckinpah o que até não seria ruim se Peckinpah manjasse um pouquinho de bola o que não é o caso. Oras...

Ta faltando leveza no Palmeiras. Falta ver Ângela Molognoni comendo seu Doritos as 17:48 como se fosse um fino Fromage servido no L'entrecote. Gilson Kleina precisa trazer o seu time para ver e ouvir a risada gostosa de Ângela enquanto ela azucrina Rosângela Dias por todos os motivos bons do mundo. Se ouvisse a menina ao invés dos Gurus de autoajuda, esse nosso time não iria virar o Ajax do Cruyff dos anos 70, mas pelo menos seria algo mais alegre de ser, mais verdadeiro, mais real e mais pleno. Entenda bom amigo Kleina:

Eu não quero ver o meu time de futebol jogando bola como se fosse o exercito de Rei Leonidas de Esparta conduzindo os seus até a batalha de Termópilas! Isso não serve para o esporte, não to atrás disso, quero menos. Quero ver a Ângela dar sua risada. Quero ver a menina ser
feliz e então ta dado o toque Gilson Kleina:

Bate um papo furado com a Ângela. E muito mais pleno que um mídia training...

Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.
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