Cada pessoa tem um lugar preferido pra passar o dia de folga, não é mesmo?
Duvido que esse lugar seja seu trabalho.
Muitos aderem às vitrines das lojas. Alguns ao famigerado futebol. E por ai vai.
Eu e tantos outros preferimos o deslumbre do mar.
Infelizmente caminhei pra outra onda.
Para quem conhece essa mente insana que vos fala, sabe da minha amante com que convivo há anos. Minha querida sinusite.
Em momentos de crise é necessária uma overdose de medicamentos para que ela fique calma.
Fui à farmácia aqui do Jardim Bela Vista em Santo André, em busca da tal mistura amenizante.
Uma lista de cinco medicamentos. Um time de futsal praticamente.
O forte atacante antibiótico é que possuía o passe mais caro.
Fazer o que...
Sem um bom atacante não se ganha jogo.
As oito da madrugada a farmácia já estava lotada. Tipo o trem das 6 da manhã, manja?
Esperei uns vinte minutos para ser atendido pela simpaticíssima atendente, que como eu, não deveria ter dormido a noite pelo calor infernal. Dado o seu magnífico humor.
Após encontrar a escalação que eu havia solicitado a dita cuja me disse que um de meus zagueiros tinha um desconto pela farmácia popular. Para tanto, seria necessário aguardar para outro cadastro. Não entendi muito bem, mas respeitei a orientação da belezoca.
Pela minha contagem era o próximo da fila, após um senhor que fazia séculos que estava sendo atendido. Seu time de jogadores provavelmente não era de futsal e sim de campo. Dado o número de escalados.
Aguardei que o atendimento finalizasse e me aprochegueei quando o senhor terminou de receber seus jogadores.
Feito isso aquela simpática atendente disse que havia outro senhor na minha frente.
Pensei...
Só se for o gasparzinho. Não havia ninguém mais até aquele momento.
Bem, mais uma vez aguardei. Em outros tempos teria mandando todo mundo à merda e ido embora. Talvez tivesse sido o correto. Mas como estou tentando ser mais paciente, esperei mais uma vez.
Depois de meia hora...
Finalmente chegara a vez de minha escalação ficar completa.
Entendi que tal cadastro vinha de um controle do SUS da farmácia popular, por isso era necessário tal burocracia.
A simpática atendente me veio com a notícia.
- Senhor, o sistema saiu do ar.
Imaginem minha satisfação...
Para conservação dos dentes de simpática moçoila, o sistema voltou e consegui finalizar a escalação de minha cura.
Espero que meu atacante valha o passe pago e que mande minha amante de goleada pra escanteio.
Que demore para subir de divisão. Assim não precisarei voltar tão cedo ao profano lugar e passar mais alguns momentos tão felizes na farmácia do bairro.
Rodrigo Roah é jornalista, poeta e idealizador do blog As Caravelas. Twitter: @rodrigoroah