A metamorfose do processo (mais amor é o caralho!)

os Krias: Mateus, Otto, Hector e Lucas                                                                                foto by Maíra  Lavorato Franco
Por Claudio Cox

Aproveitando-se da propaganda gratuita que envolve a data de hoje, o suposto “fim do mundo” segundo não sei quem por causa de não sei o quê, os malandros do Krias de Kafka lançam o primeiro e aguardado álbum, negando já no título não só a dita profecia apocalíptica, mas todo um bundamolismo e glamourização  da "primeira pessoa do singular" que predomina nesse começo de século esquisito. Todo mundo quer amor, mas amar que é bom, ninguém quer.

Fazer rock em português é foda, mas também não é mérito, portanto quando aparece alguém que não sofre com isso, que não tenta soar “assim ou assado” falando com um pau na boca e outro no cu, pra mim já entra no jogo com dois pontos na frente. Os Krias fazem parte desse time, aliás, são os atacantes.

Não vou ficar falando sobre referências musicaisliterárias ou cinematográficas dos caras, que são muitas e boas, diga-se de passagem, mas que no final das contas podem induzi-los e esse tipo de coisa não cabe aqui. Quem fala demais acorda sem língua.

Vai ser muito difícil (não impossível)  que algum jornalista da "grande mídia" escreva algo sobre esse disco e a probabilidade do mesmo virar um "fenômeno de internet" e estrelar um comercial de maionese também é muito, muito pequena. Foda-se, tenho certeza que não foi pra isso que o fizeram. Então meu filho, ache você mesmo um bom motivo para ouvi-lo. Você não é livre? Então... Tenha coragem.

“O mundo não acaba nunca” não é um disco fácil. E se for isso que você procura, pode ir tirando o jumento da sombra e saindo fora, mané. Se você quer entretenimento, conforto, rima mastigada, fórmula do sucesso e da felicidade, confete e serpentina, filosofia de facebook, você se fodeu grandão. Se meteu numa grande encrenca. A coisa aqui é soco no meio da cara. Mas não os que damos e sim os que tomamos. Exibir as feridas em praça pública não é pra qualquer um.

Gravado na unha, sem dinheiro, sem apoio e sendo lançado virtualmente, porque nenhum “santo” se propôs a bancar uma prensagem ainda, esse disco é a imagem e semelhança do “rolê” aqui na nossa quebrada. Tenso. Solitário. Uma banda que faz música porque precisa se ouvir e porque sabe que nenhuma outra vai expressar o que eles sentem. Não do jeito deles.

Eu já quis ouvir mais de três vezes!

O Mundo Não Acaba Nunca - Krias de Kafka


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