Sartre Futebol Clube e a ludopédia brasileira em questão. Tudo por um folk que não seja triste...

Por Marcelo Mendez

Jean Paul Sartre é um dos homens mais importantes do século XX.

Não caro leitor, não digo isso por conta dos gols que o homem fez, nem tampouco foi o Frances, parceiro de Justine Fontaine, Raymond Kopa, de Platini ou Zidane em algum dos esquadrões futeboleiros do povo da Cidade Luz. Sarte fez umas outras coisas ae...

Foi o papa do Existencialismo, uma corrente de pensamento inspirada nas ideias de um outro cara que gosto muito de nome Heidegger. Um lance que procurava investigar todos os aspectos da experiência humana. Uma imersão total no individuo, no SER em tudo que pode ser analisado nessa coisa louca de nome Ser Humano. Me virou a cabeça com livros como O SER E O NADA, A NAUSEA, O MURO e seu espetacular A CRITICA DA RAZÃO DIALÉTICA. Uma preciosidade...

Em A Crítica... Sartre se liga que a busca existencial do SER fracassa por conta da própria estrutura do desejo. Sacou que seria necessário mudar o que acreditava até então, que essa mudança, no entanto poderia resultar exatamente desse fracasso que ele observou. A partir dae, torna toda essa frustração com a critica social que fazia até aquele momento, para criar uma nova filosofia da liberdade que mudou todas as cabeças de todo um século. Enfim...

Sartre não suportava futebol!

Achava o jogo algo irascível. Mas para desespero dele, nunca... mas nunca foram tão cabíveis suas observações para assuntos ludopédicos como agora. Principalmente se pensarmos no nosso futebol brasileiro. Meu caro leitor de Canela de Ferro é o seguinte:

O futebol brasileiro dos dias de hoje encontra-se em plena e pura crise existencial. E o pior; Não tem um Jean Paul Sartre pra cuidar disso. O que sobrou foi um Marin..

Senhor José Maria Marin...

Quem tem ae menos de 40 anos e viu aquele senhor um tanto apoplético, berrando a plenos pulmões um discurso inflamado capaz de constranger um Médice ou um Pinochet, abordando o que ele entende ser patriotismo, não faz ideia de onde possa ter surgido aquela triste figura. Tá...

Eu soube de Marin em 1981 quando eu era um menino maluco por futebol, que comprava Revista Placar e acompanhava com fé os campeonatos regionais. Naquele momento ele criou la um campeonato paulista com uns nomes estranhos, tal de Seleturno, Octurno... E umas outras papagaiadas pra fazer politicagem de 5ª categoria com os clubes do interior e inchar a tabela alem de estragar algo que vinha dando certo há décadas.

Depois, fiquei sabendo que ele tinha la uns amigos estranhos como, generais, políticos duvidosos ligados ao regime militar, a Arena e ao PDS, partido que havia abrigado todos os reaças da Ditadura, que nos anos 80 estava mais moribunda que Carne Seca gelada. Virou governador biônico, escolhido pelos amigos generais e depois sumiu. Reapareceu embolsando uma medalha numa decisão de Taça São Paulo e num desses absurdos, chegou a Presidência da CBF. Pois bem...

Agora esse homem está de volta.

Nas mãos dele está o Futebol Brasileiro. Eu não preciso dizer aqui da grandeza que tem esse esporte por aqui nessas terras. Uma seleção que se cria em 1914 e que em pouco tempo chegou a excelência em sua pratica graças a grandes nomes como Pelé, Garrincha, Zizinho, Didi, Ademir Da Guia, Gerson, Rivelino, Zico e tantas centenas de outros grandes craques. São 5 mundiais, mais tantas glórias, histórias, feitos, encantos e belezas.

Pelos campos de futebol do Brasil, desfilaram-se odes, se fez poemas, santos, vilões, épicos de fazer A Ilíada de Homero virar uma reles chanchada. Sheakspeare perto de uma partida de bola viraria um mero escritor de folhetim. Um Nietzsche perto de um Biro Biro sendo aclamado por 100 mil corintianos não é nada! E quem diria.... Isso tudo, toda essa grandeza, toda essa beleza se tornaria um problema. Pois é...

O Futebol Brasileiro hoje, é um mero refém de si mesmo.

Não progride porque não sabe lidar com sua história. Não tem nos homens de hoje a sensibilidade suficiente para entender a importância disso tudo. Isso não é apenas por conta de uma Copa Do Mundo a ser disputada aqui. Copas, tem a cada 4 anos. O que está em discussão é algo muito maior.

Futebol no Brasil é algo que vai muito além de ser apenas um jogo. É algo que tem influencia direta na Política, na Economia, nas Relações Sociais e em tudo. Isso acontece por conta de tudo que disse acima, por toda a história que se fez naturalmente sem que isso tenha sido um
fardo em algum momento. A Grandeza Histórica só pesa nos ombros dos óbvios preguiçosos. Quem entende isso, será Grande naturalmente, fará parte dessa grandeza e se honrará por isso. E ae que tá:

Será que Zé Maria Marin entende isso?? Claro que não...

Marin representa o que há de pior do velho Brasil. Um populista óbvio, pobre de espirito e de inteligencia que se cria onde o terreno é propicio para o que há de pior nos homens. Mandou Mano Menezes embora por uma vaidade tola, por motivos políticos torpes, não por uma maldade ou nada mais elaborado. Fez isso, porque a vida toda foi um homem que aprendeu resolver suas coisas assim, de uma maneira simplista, tola. Chamou para isso dois escudos:

Luis Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira. Respeito ambos. Tanto que não vou me estender aqui em maiores comentários sobre ambos. Não por hora. Eles por enquanto não são o mais importante da coisa. Falo de algo muito maior nessa estrutura. Falo dos homens do comando. Ou que pelo menos deveriam comandar...

Não vejo para o esporte uma saída estando este nas mãos de quem está. Não consigo ver algo genuinamente Brasileiro entregue a sujeitos como esses da CBF. Me causa urticária ver um cara como o Marin, tendo a pretensão de me representar como Brasileiro. Não dá.

Dessa forma, Canela De Ferro chega nessa semana propondo uma discussão de a quantas anda o Esporte Futebol, ao invés de pensar no Negócio Futebol. A hora é outra. Até la, bom...
Lerei a página 56 do livro do Francês...

Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.
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