Do Vinil pro CD ou Vice e Versa... Roberto Carlos – 1971

Por Claudio Cox

Descobri esse álbum do Roberto por causa da versão que Chico Science & Nação Zumbi fizeram de “Todos Estão Surdos” para um álbum tributo chamado “Rei”, disco lançado em 1994 e produzido pelo Roberto Frejat com alguns veteranos da cena Pop nacional e alguns “novatos” da época, caso de Chico & Nação Zumbi e Skank.

O álbum “Roberto Carlos – 1971” é também conhecido sob a alcunha de “Detalhes”, a música que abre o lado A e que talvez seja o maior hit de toda sua carreira, mas o titulo real mesmo é “Roberto Carlos”, aliás, desde 1969 é assim, o que difere os álbuns são os anos de lançamento.

Nessa época a Jovem Guarda, que ele mesmo ajudou tanto a difundir, era coisa do passado. Roberto, que já vinha numa onda Soul desde “O Inimitável” em 1968, chegou nos anos 70 numas de ser o maior cantor do país, o “Frank Sinatra do Brasil”, e podemos considerar que esse disco de 1971 foi o ponto de partida.

Naquela época eu ainda não assimilava esse lado “romântico super plus” do Roberto, apesar de já ter alguns álbuns e ser fã. Tudo que eu tinha e escutava era dos anos 60 e era rock, e como todo rapaz novo e um pouco abestado, eu ainda “dormia no barulho” dos manés que falavam que tudo que ele tinha feito depois dos anos 60 era “brega”.

Comprei o álbum e fui direto ouvir a versão original de “Todos Estão Surdos”. Matadora! Nem a genialidade de Chico Science foi capaz de superar aquela gravação, também acho que não era esse o propósito da versão, mas sei que aquela onda “Soul/Gospel” e sonoridade setentona me pegou de jeito. Grudei o botão “repeat” do CD-Player com fita crepe.

Aos poucos fui descobrindo o álbum, que além de “Detalhes”, que eu já conhecia antes e nunca tinha dado muita bola, tem um outro "Soul" chamado “Eu Só Tenho Um Caminho” e um blues de autoria de “Caê” Veloso chamado “Como Dois e Dois" que também mereceu sessões de “repeat”.

O baiano “Caê” – que na época amargava um exílio em Londres - aparece em uma outra canção do disco, dessa vez não como autor, mas sim como homenageado. "Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos" é o nome da pérola e na boa: é uma das coisas mais bonitas e sinceras que alguém poderia ouvir de um amigo.

E reservado para o final – eu tinha o CD, mas quando comprei a versão em vinil entendi o real significado do lado B num disco – as duas faixas que mudariam o rumo desse mano aqui.

Logo nas primeiras frases de “Se eu Partir” lembrei do meu pai cantarolando a mesma na cozinha de casa depois “duns mé”, sério! Nunca tinha escutado aquela música com o Roberto, só com meu pai. Foi uma loucura aquilo, um mix de lembranças da infância com a descoberta de um clássico.

E por fim “De tanto Amor”, corta pulso total, Portishead é mato, maravilhosa! Essa música também me traz uma lembrança fudida: Eu e Lovely Rita no começo de namoro num Ford KA que ela tinha, em plena avenida Paulista indo pro Borracharia umas 11 da noite com os vidros abertos e ouvindo esse som no talo com os zói cheios de lágrimas...

Roberto é foda!

Roberto Carlos – De tanto Amor
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