Por Marcelo Mendez
![]() |
Ascenso Ferreira |
Quando se fala que “O Brasil é o país do futebol” não se comete nenhum ufanismo idiota, nem exagero algum.
Claro que também somos o país do Bolsonaro e das velhinhas segregacionistas de Higienópolis, mas de vez em quando, até para que se evite o intrínseco complexo de desgraçado que se tem por aqui, é bom lembrarmos as boas coisas que nos caracterizam e o futebol é uma delas.
Afinal de contas, em nenhum outro lugar do mundo, se consagra 15 campeões em um só domingo. Em nenhum outro país, um clube como a Chapecoense de Santa Catarina consegue um réquiem de projeção nacional após a conquista de um título. Tudo isso pesa muito a favor quando se começa a defesa da manutenção dos campeonatos regionais, competição única de nossas terras morenas. Contra os regionais pesam coisas que já falamos aqui:
Regulamentos idiotas, tabelas estapafurdias, calendários amalucados, cartolagens e outros quetais. Mas agora falemos aqui da parte boa porque essa é a tônica da crônica.
Pelo Brasil se fez vencedores. Em Pernambuco o Santa Cruz, No Rio Grande Do Sul o Internacional, em Minas o Cruzeiro, na Bahia o valente Bahia de Feira de Santana e por todos os cantos e rincões, torcedores foram às ruas para as suas festas de uma maneira que só o Brasil pode festejar, porque só no Brasil temos essa riqueza, essa diversidade cultural.
Só no Brasil, joga Neymar...
O menino que será pai dentro em breve teve uma semana boa, esta feliz e joga lindamente como só um moleque nosso pode jogar. Neymar não obedece ao pai, se recusa a “sossegar” e aproveita muito bem as benesses de sua fama. Não respeita os padrões (Nesse caso recomendável...) de transar com camisinha e disso se fez uma inesperada gravidez, cuja seriedade do caso, ele matou no peito, botou no chão e driblou com habilidade ímpar. Neymar não respeita a burocracia ludopédica chata e joga como se deve jogar sempre. Óbvio que dessa forma, não vai mesmo respeitar técnico, regras e afins e vos digo caro leitor:
Que ótimo que Neymar, não respeita!
E o domingo tava típico para termos uma tarde de moleque abusado...
No meu aprazível Parque Novo Oratório, tivemos tudo que cerca uma decisão de campeonato para os torcedores dos bairros do nosso Grande ABCD. Tudo de bom. Tem a feira livre, o encontro com o torcedor adversário, aquela boa prosa de futebol, obviamente sem nenhuma parcialidade, cada um puxa a coisa para seu lado e que bom que é assim, tem que ser assim.
O futebol entre outras coisas vive dessa saudável rivalidade.
Nas boas prosas que tive, assistindo uma partida de futebol de várzea no campo do Nacional das Nações, cá de meu bairro, tive uma boa mostra das coisas que se refletiriam entre Santos x Corinthians na Vila Belmiro. Paulinho Batata, grande musico tocador de trombone afiado das gafieiras dos bailões aqui das quebradas, emérito Santista, comia seu pastel de queijo rindo largamente, feliz da vida, com uma alegria de menino dos anos 60 que via as coxas de Odete Lara.
O amigo musico que bota o bairro todo pra dançar, me falava confiante, da impossibilidade de outra sorte na Vila que não fosse o sucesso do time do Santista. Compreensível. O Alvi Negro da Vila Belmiro, vive um momento iluminado. Teve um momento de reestruturação em seu quadro diretivo, com a ascensão do grupo de empresários encabeçados pelo Presidente Luis Álvaro que trouxe ao clube investimentos capazes de manter os seus principais atletas e assim, consolidando uma base sólida de sua equipe, agora muito bem dirigida por Murici Ramalho que consertou a zaga e então, as preocupações de Paulinho Batata se acabaram.
“O Corinthians é triste” - Diz meu grande amigo e irmão Marcio Perilo, que trai o seu sobrenome italiano para torcer para o alvi negro do Tatuapé. Definição melhor, impossível.
O time do Tite é uma penumbra ludopédica - burocrática. Um bom retrato do seu empolado treinador. Aliás, Tite ultimamente tem sido um pernóstico de fazer inveja aos “Papas” da Auto Ajuda. De tudo que ele fala, nada se entende. Também não se entende suas manias de Dentinho, seus volantes que não sabem jogar futebol, seus laterias que não marcam e não atacam, sua teimosia em não usar Willian desde o começo e sua obviedade estúpida em fazer sempre as mesmas substituições. Tendo tudo isso como fato, a final não poderia ter tido outro resultado.
Jogando um futebol confiante, contando com uma zaga firme, segura, com uma ótima chegada de seus meio campistas e com aquela empáfia santa que só os melhores de fato podem ter, o Santos foi para cima do Corinthians e venceu a partida por 2x1, ganhando aquele que pode ser o primeiro, de muitos outros títulos que podem vir para o time de Neymar e Ganso. Ao Corinthians, ninguém soube dizer o que resta, mas eu tenho uma breve suspeita de que já sei o próximo passo:
Será uma palestra aos jogadores ministrada por Lair Ribeiro. Tite aprova, esfuziantemente...
Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor, webmaster e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.