Por Marcelo Mendez
Essa semana me peguei lembrando dos ermos anos 80 no Parque Novo Oratório.
Naqueles anos uma das maiores diversões eram os famosos Bailinhos de Sábado a Noite. Consistia no seguinte:

Ae era chamar as meninas, descolar uns discos e botar pra arrebentar na quebrada. Tinha a hora da “lenta” com Marvin Gaye e Barry White, tinha a hora de “rodar a nêga”, com Jorge Bem, Tim Maia e Bebeto e a hora de “animar a tenda'', quando se colocava aquele disco que acordava a rapaziada.
Hoje, ÁLBUNS CLÁSSICOS vem para contar a história de um desses discos que botava o Parque Novo Oratório pra dançar! Senhouras e Senhoures com vocês LAFAYETTE APRESENTA SEUS SUCESSOS vol. 4. Do musico feríssima Lafayette...
Caros Leitores que por aqui me acompanham, vos digo; Lafayette e um ícone da musica pop Brazuca. Assim como Lanny Gordin com sua guitarra foi fundamental para a Tropicália, ao lado da fuzz guitar de Renato Barros (Dos Renato e Seus Blue Caps) o orgão de Lafayette Coelho Vargas é seminal, fundamentalíssimo para todo um seguimento de musica pop brazuca dos anos 60; A Jovem Guarda. E não falamos de qualquer musico...
Nascido no ano da graça de 1943, tão carioca quanto o Maracanã. Lafayette começou a estudar musica no Conservatório Musical do Rio De Janeiro aos 5 anos de idade. Passou por todas as salas de musica clássica até que em 1955 ao ficar completamente besta com Elvis e Gene Vincent, decide montar seu primeiro grupo de rock, o The Blue Jeans Rockers, grupo responsável pela gravina do primeiro rock instrumental do Brasil; “Here Is The Blue Jeans Rockers” é essa musica e vai ser ela, a principal razão de falarmos do sujeito aqui...
Lafayette era musico contratado da CBS, até então, tocando de tudo! Desde os discos de Moreira da Silva até Silvio Caldas, Carlos Galhardo e outras sambas que por lá fossem feitos. Seguiu assim até que em 1963 apareceu por lá um baixinho de cabeça de tigela, um tal de Roberto Carlos Braga que conhecia o citado rock instrumental de Lafa e também tinha lá umas ideias doidas... Queria ele cantar igual o Little Richards, no Brasil de então.
Lafa achou um absurdo! Como podia?? Menino branquinho, com pouca voz, querer gravar rock e cantar feito negão? Ae que tá; Em uma conversa com o moço num café no largo da carioca, Lafayette ouviu do baixinho uma frase que o fez se animar pra trampar junto com o tigelinha:
“Bicho, eu não quero cantar igual ele. Quero fazer o que ele faz, mas do jeito que eu posso fazer, porque sou Brasileiro, não tenho aquela voz e também não tenho um pianista. Ta afim de entrar pro time??”
Tava!
Aceitou então gravar os primeiros e clássicos discos do rapaz que então se tornou apenas Roberto Carlos e fez história! Estourou com petardos sonoros como É PROIBIDO FUMAR, AMAPOLA, NEGRO GATO, A NAMORADINHA DE UMA AMIGO MEU e mais uns 5 quilos de clássicos! A coisa ia nessa toada até que em 1966 a TV Record não pode mais transmitir futebol e precisava de um programa para os Domingos a Tarde. Começava então o JOVEM GUARDA.
Como muita gente que passava por lá tava no começa de carreira, se fez necessário um musico bom, experiente e fera pra ajudar aquela molecada. E ae Lafayette fez mágica!! Consagrou todo mundo!
Jerry Adriani, Martinha, Sergio Reis, Erasmo Carlos, Ed Carlos, Wanderléia, Golden Boys... O homem arrumou o som de todo mundo! Nada era feito no Brasil Pop da segunda metade dos anos 60 sem passar pelo orgão do Lafa. Um sucessão! Baseado nesse sucesso surge então a ideia de lançar uma série de discos do moço interpretando temas diversos, nascia o Lafayette Apresenta Seus Sucessos. Uma série absurdamente bem sucedida.
Começando ali em 1967, os discos eram lançados duas vezes; Em junho nas férias do meio do ano e no natal. Tinha vendagens absurdas, o que fez com que a gravadora não enchesse o saco do musico e deixasse com que ele fizesse como bem entendesse a coisa. Assim, nesses discos tem de tudo.
Tem Neil Diamond, Raul de Barros, Jimi Hendrix, Beatles e Gafieira! Tudo muito bem feito e muito sacolejante. Aqui, escolhi o vol. 4 da série que saiu em 1970 com uma seleção pra la de supimpa.
Conta com a clássica SOUL FINGER, as baladinhas “jovenguardianas” CADERNINHO e QUANDO a baladona mais-mais A WHITER WILD SHADE A PALE e mais outros tantos sacolejos. A série arrebentou.
Lançada simultaneamente no Brasil e no exterior, os discos foram lançados até 1984! Até hoje são disputadas a tapa nos sebos pelo mundão afora e agora, os senhoures poderão dar um belo de um confere aqui em Álbuns Clássicos.
No player, vamos de SOUL FINGER pra todo mundo balançar a mexeriqueira e nas capas ae tem a preza pra baixar. Ae já sabem:
Tasca o player ae embaixo e perigas ver...
Lafayete - Soul Finger
Lafayete - Soul Finger
Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.