De olho na moda - Em memória do jeans

A imagem do cowboy muito usada na publicidade e a popularização entre as mulheres 
Por Carolina Vitorino e Priscila Tâmara | 

A calça jeans continua sendo a peça mais democrática dos cabides espalhados pelo mundo afora. Uma peça que surgiu de uma necessidade dos trabalhadores, não poderia mesmo ter um futuro diferente...

A história do jeans é a história do seu criador e consequentemente da sua marca, a Levis. Porque esse cara conseguiu criar de uma necessidade, com o que tinha nas mãos, uma peça que virou símbolo da cultura popular moderna.

Enquanto nos Estados Unidos, em plena corrida do ouro nos idos de 1853, milhares de pessoas trabalhavam nas escavações em busca da pedrinha dourada, um judeu alemão de 24 anos descobriu sua própria fonte. Levi Strauss desembarca na América para trabalhar como camelô, trazendo mercadorias de primeira necessidade, já que havia ouro embaixo da terra, mas faltava quase tudo. Dentre seus artigos lá estava um tecido rústico, usado para cobrir barracas.

Os mineiros precisavam de calças resistentes para o trabalho, que protegessem o corpo e que durassem. Foi daí que Levi Strauss pegou esse seu tecido rústico, muito parecido com uma lona, e levou a um alfaiate. Daí surgiu à primeira calça jeans. Ela não era azul, era de uma cor mais conhecida por nós aqui como “cor de burro quando foge” sabe? Meio bege, meio marrom, porque essa era a cor da fazenda original, fabricada na cidade italiana de Gênova.

Logo ele adotou um tecido ainda mais resistente e mais maleável, uma espécie de estopa trançada, de algodão, fabricada na cidade francesa de Nîmes, daí o nome denim, que simplificado da palavra brim. Esse já era tingido com índigo, uma tinta vegetal azul.

Levi Strauss, Jacob Davis e os funcionários na frente da confecção.
Levi Strauss então, se une com o alfaiate Jacob Davis, e em 1890 lançam a tão famosa calça modelo 501 (número do primeiro lote de tecido importado por Levi). Mas foi somente em 1935, após a crise econômica dos Estados Unidos em 1929, que o jeans passou a ser visto nas revistas. Num anúncio da revista Vogue via-se duas damas do Leste passeando num rancho vestindo suas calças Levi´s. Sobre o desenho lia-se: “O chique do Oeste foi inventado pelos cowboys, e se você esquecer este princípio estará perdido”.

A crise de 29 foi boa para o jeans, que passou a ser procurado pelas grandes butiques, mas a Segunda Guerra Mundial foi o que alavancou sua produção. Em carta redigida a Levi Strauss pelo chefe da Intendência da Armada, fica claro: “Para equipar nossos combatentes, a Marinha precisa de grandes quantidades suplementares dessas roupas. Vossos esforços para produzirem-nas são tão vitais para nós, quanto os dos operários que fabricam munições de guerra”. E então o jeans invadiu a Europa.

E foi então com os chamados “rebeldes sem causa” nos anos 50, vividos no cinema, por James Dean e Marlon Brando, que o jeans teve sua imagem ligada a liberdade, a contestação, e passou a ser adotada tanto pelos beatniks como pelos hippies, pelos punks, até que se transformou na peça mais popular e sinônimo de igualdade que conhecemos hoje. O sociólogo francês Daniel Friedmann, que publicou o livro “Une histoire du blue-jeans”, teoriza: “O jeans é uma roupa-memória. Ele carrega abertamente a sua história e se deixa envelhecer”.

Ícones dos anos 50, Marlon Brando e James Dean.
O jeans hoje não precisa ser mais azul, pode ser de todas as cores e de todas as formas. Calça baggy, semi-baggy, skinny, com bolso, sem bolso, com botão, sem botão, rasgada, com efeitos de lavanderia que fazem parecer mais gasta, mais suja, enfim..., tem para todo gosto. Ele se tornou peça universal e é difícil imaginar o mundo sem a velha e boa calça jeans.  

Aqui você pode assistir uma reportagem bem interessante sobre como mesmo não usando o produto,  Levi Strauss cuidou para que ele fosse um sucesso: http://goo.gl/dTBLt

Mas nem tudo foi dito. Aqui nesse link você confere a linha do tempo com um ótimo apanhado da história da Levis: http://www.levi.com.br/brasil/companhia.aspx.

E mais o site da gringa: http://www.levistrauss.com/

Carolina Vitorino cursou Produção de Vestuário e atualmente se aprofunda em Modelagem. Priscila Tâmara estuda e trabalha com Modelagem Geométrica e cursou Merchandising p/ Varejo de Moda.
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