Por Marcelo Mendez
Em 1992 eu tava numa onda alucinada por discos de jazz, bopers e afins. Todo e qualquer caraminguá que me sobrava da desgraceira era investido sem dó em discos, fitas VHS de jazz e outras tantas coisas. Chegou num ponto que até passei a beber menos pra sobrar mais pras bolachas! Em uma dessas cheguei na banca do Tonho em Santo André:
“Fala Tonho... Vim pra ver se tu vai me vender aquele teu Don Bias.”
“Marcelo, um dia eu vou sim. Fica tranquilo que quando isso acontecer, será seu. Mas agora, vou colocar um negócio aqui pra você ouvir e ae tu me fala se gosta, beeleza?”
“Ah cara Tonho...”
“Fica quieto e ouve...”
Fiquei. E gostei tanto que o disco ta aqui até hoje. E como de costume venho contar da capivara da coisa para os senhoures cá na coluna Álbuns Clássicos. Então, senhouras e senhoures com vocês ESPERANTO disco de 1970 do grande Victor Assis Brasil.
Nascido da antiga classe meia do Rio De Janeiro, Victor começa seus estudos musicais ainda pivetinho, graças a sensibilidade de sua família que sacou que o moleque levava jeito. Começou das suas estapeadas com uma gaita e uma bateria até que aos 16 anos sua tia lhe presenteia com um sax alto, instrumento com o qual Victor viria a revolucionar o jazz brasileiro.
Em 1963, já moleque, grava sua primeira paradinha na casa de um truta seu, umas coisas que ele adorava ouvir de um um disco importado de Horace Silver que o colega tinha. A coisa pega! Victor então cai pra noite e passa a frequentar a fina flor da musica instrumental brazuca pelas boates da zona sul carioca. As Canjas nas jam sessions começam a torna-lo conhecido e vão lhe dando a base para o que viria a ser seu trabalho. Chama atenção por sua qualidade de improvisador implacável e em 1966 já grava sua primeira bolacha o disco “Desenhos”. Nesse mesmo ano, se manda para estudar na Austria, passa mais um tempo nos EUA e volta pra o Brasil apenas em 1970 para registrar suas experiências pelo mundo Afora.
Nasce portanto o Esperanto...
Em março de 1970, junto com uma rapa de feras do naipe de Heraldo Monte, Luiz Maia, Beto Infante e outros, Victor entra em estúdio para começar a bolar a parada. Nasce de cara a baladona boper GINGER BREAD BOY, em seguida o arrebento de QUARENTA GRAUS À SOMBRA. Fecham a quebradeira, as deliciosas MARILIA e a sinuosa AO AMIGO QUARTIN.
Depois da gravina da Bolacha, Victor zarpa de novo para a gringa de onde só voltaria em 1973 mas ae, depois nói vorta pra contar esses causo...
No player vai GINGER BREAD BOY, nas capa por ae o brinde e já sabem...
Tasca o player ae e perigas ver.
Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.