Por Marcelo Mendez
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Balotelli abraçando a mãe dele após os dois gols marcados contra a alemanha |
O amigo leitor que me acompanha aqui em Canela de Ferro sabe muito bem de como as coisas do futebol são enfocadas aqui por essas linhas futeboleiras.
Para essa coluna, futebol é muito mais que apenas um jogo. Aqui, o Esporte é tratado como Cultura, Organização, Política, Arte, Inclusão e Sociedade. Sendo assim vários são os enfoques permitidos para que as crônicas aqui publicadas fujam da vala comum das redações pífias que tanto tem por ae. E é bom dizer:
A Coluna foge da vala comum muito mais por conta do que de mágico existe em torno desse esporte, do que propriamente por 100% de mérito do Cronista. A mim, apenas o papel do observador que vos relata as coisas que acontecem dentro e ao redor das 4 linhas. E olha que dentro das 4 linhas muitas coisas significativas aconteceram na ultima semana.
Começa pela vitória da Itália na semifinal da Euro com 2 gols marcados pelo personagem dessa Euro, Mario Balotelli.
Balotelli...
Esse moço de 21 anos é filho de Ganeses, nascido em Palermo e abandonado pela família por lá. Em seguida é adotado por uma família Judia de Roma que passa a cria-lo até que ele começa das suas caneladas que o levam a Lazio. O time mais nojento e fascista do mundo! Por lá era humilhado e xingado por sua própia torcida mas se segurou, jogando muita bola, partindo pra jogar na Inter de Milão, enriquecendo, e enriquecendo mais ainda quando vai para o Manchester City, quer dizer:
Balotelli é preto, judeu, Italiano, Africano, abandonado pela família, adotado e jogador de bola. Nada no mundo é mais Anti-ódio que ele. Seria muito legal seu eu falasse aqui aqui dos dois gols que ele fez contra a poderosa Alemanha mas, a idiotice do mundo tenta de todo jeito sufocar a alegria...
Balotelli foi alvo novamente de xingamentos racistas, fascistas e nazistas por parte de uma facção nojenta na Ucrânia. Reagiu bravamente como podia, jogando bola e metendo gol. Na hora da comemoração protestou mandando todo mundo pra puta que pariu e aeee vemm a vala comum da imprensa futeboleira:
“Bom jogador mas muito temperamental...”
Porra...
Amigo leitor, pense no que acontece quando você faz uma critica a um jornalista... Uma critica comum, nada demais. No Sportv por exemplo tem por lá um narrador, tal de Luiz Carlos que não sabe nada de nada, não conhece o panorama do futebol mundial e passou o jogo todo de Portugal falando do cabelo do Cristiano Ronaldo. Oras, ta incomodando quem? Tá...
Vai la dizer isso e veja o que acontece. Aee um sujeito que não consegue ouvir isso, imagine os senhores se fosse xingado de macaco, de chipanzé por 60 mil pessoas durante 90 minutos toda semana?!?
Ae vem as coisas aqui do Brasil.
Vi o jogo do Corinthians na Bombonera e confesso que voltei com uma visão totalmente diferente da qual encontrei aqui. Impressionante!
“Anti-Corinthiano”, “Anti-Isso” e o escambau. Verdadeiras manifestações de ódio apenas porque um time de futebol diferente do deles, conseguiu la um empate fora de casa. Deixa dizer uma coisa aqui...
No dia 5 de outubro de 1983 meu pai me levou no Morumbi para comemorar meu aniversario de 13 anos num jogo entre Corinthians x Palmeiras. O meu verde saiu ganhando por 1x0 e sabe quanto acabou?
5x1 para o Corinthians!!
Foi um baile de bola de Sócrates, Casagrande, Ataliba, Zenon... Claro que fiquei puto! Talvez eu não tenha jantando naquela noite, tive la um aniversário meio azedo mas, não passei perto de querer dar um murro no outro que tava do meu lado feliz, porque o time dele havia ganhado do meu. Veja bem; Eu tinha 13 anos!
Hoje, com meus quarentão eu ainda me impressiono com a truculência humana. Com a dureza com que as coisas são vistas.
Amigo Torcedor, por favor; Não caiam nessa vala comum dos tais “ódios”. Torçam! Pode até torcer contra porque o Esporte Futebol precisa dessa rivalidade sadia. Mas procurem entender que tudo isso serve para vocês interagirem, para vocês brincarem, pra tirar um sarro, pra torcerem juntos, pra ficar puto, pra ficar feliz.
Futebol é como vida. Não é justo. As vezes é duro, nem sempre te satisfaz mas é pleno. Vocês devem curti-lo assim, dessa forma. Mas a plenitude tem que vir na poesia e não no ódio. Pensem no Xavi Hernandez jogando bola ontem na final em que Espanha meteu 4x0 na Itália na final da Eurocopa.
Vendo aquele homem jogando um futebol imortal, pisando em um chão que não é o mesmo que nós, pobres e reles mortais pisamos, duvido que os senhores não ficarão felizes. Bom:
Se não ficarem, sugiro então que comprem Ebicen e um copo de Quisuco...
Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.