Liquidificador - A primeira vez

Por Rodrigo Roah

Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece, não é mesmo?

O primeiro dia de aula, o primeiro beijo, a primeira viagem sozinho e, é claro, a primeira transa.

Todos um dia terão a chance de descabaçar!

A não ser que prefira o celibato.

Minha primeira vez em Londrina!

Calma!

Não é de minhas aventuras sexuais que me refiro.

Vamos a mais uma insanidade...

Fui visitar um amigo de longa data e fotógrafo profissional. Minha visita além de revê-lo teve cunho profissional. Estamos discutindo alguns projetos que logo menos os leitores dessa e outras bandas terão acesso.

Bem, chegando à terra do pé vermelho o queridíssimo já esperava por mim. Chegou cedo ao aeroporto.  Pensei que tivesse chegado cedo por temer a perda das horas.

Na verdade, ele havia errado o horário do vôo.

Depois de um fraterno abraço fomos almoçar.

Nada mais sugestivo para a cidade das mestiças do que comida japonesa. Peço licença pra ressaltar a beleza das gajas. Impressionante!

Bem, entre sushis e sashimis conversávamos sobre tatuagem e o compadre me falou do lugar que tinha feito a sua mais recente. Sim, a mais recente. Dizer a última seria leviano da minha
parte. Sei que não será.

Como há muito tempo queria iniciar no seleto grupo de gibis ambulantes fomos até o local profano.

Luiz então me apresentou o Herbert. Logo pensei na coincidência de ser tatuado por um cara que tem o nome do vocalista de umas das bandas que me influenciou pela vida a fora.

Após as discussões comerciais e do desenho que seria feito, fui iniciado!

A primeira tatuagem!

Dizer que o processo foi tranqüilo seria mais uma leviandade de minha parte. O fato é que dói pra porra!

Claro que a xilocaina ajuda a diminuir a dor, mas fui apresentado a ela na metade do segundo tempo. Maravilha, não é?

Bem, fiquei sabendo que na região existia uma aposta que surgiu em um dos bares da cidade.

O Bar.bearia iria premiar com uma caixa de cerveja a forma mais criativa de escrever a seguinte frase:

“JR bar. bearia F.D. P”

O que acham que aconteceu?

Meu amigo de longa data juntamente com o Sr tatuador decidiram que ganhariam a bagaça!

As minhas custas, claro. Antes de concluir a tatuagem que eu havia imaginado o Herbert - não Viana - tatuou a frase esperada. Fotografaram e colocaram na rede FB.

Pronto! Tinha acabado de virar candidato a vereador da cidade, sem querer.

Exageros a parte, o fato é que por essa brincadeira o processo se tornou mais doloroso do que seria necessário. Herbert teria que cobrir muito bem o estrago feio há minutos.

Para ajudar minha primeira vez o outro tatuador que andava por lá fez um inferninho dizendo que a celebre frase não iria sair.

Meu primeiro desespero real!

-Fodeu!

-Fodeu!

Pensei comigo, com a mão esquerda querendo fechar e acertar a cabeça do Sr tatuador.

Pacientemente aguardei...

Mentira!

Desesperadamente eu aguardei!

Suando frio, querendo que aquele momento fosse encerrado o mais breve possível ou que acordasse do pesadelo.

Bem, pela minha liberdade e saúde do nobre tatuador, felizmente, tudo deu certo.

Querem saber se a aposta foi ganha com essa brincadeira?

Eu também gostaria de saber!

Ela ainda não foi finalizada e, sinceramente, espero que seja encerrada no meu retorno ao erudito local.

A cidade de Londrina é maravilhosa e encontrei por lá muita gente simpática e disposta a fazer novas amizades.

Espero retornar em breve a terra dos pés vermelhos!

Mas é claro...

Nada será como a primeira vez!

Rodrigo Roah é jornalista, poeta e idealizador do blog As Caravelas. Twitter: @rodrigoroah
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