Da varanda a vida passa, mas não passa despercebida.
Quem observa a vida com o olhar de espectador aprecia os detalhes. A vida se apresenta colorida e triste com os sorrisos e lágrimas daqueles que vivem intensamente tal dádiva.
O varandista realmente não se entrega. É um voyeur em busca de sua próxima dama de cabaré. É um escritor em terceira pessoa, manja? Faz uso dos detalhes, do riso, do choro, da reza, da vela do outro. Seu interior é preenchido pelas observações do exterior. O outro é o que lhe move. Observa a distância o sofrimento, a dor, o amor, a amizade.
Da varanda tudo é belo. Tudo parece fazer sentido e cria histórias que conta como se fossem vividas por ele. É namoradeira de janela a procura de mais uma vítima para preencher um espaço em seu interior de que não é capaz com suas próprias pernas. É usurpador da vida alheia.
A vida é mais tranqüila, diria, mais fria.
Mas quem exatamente o varandista observa?
Digamos que existam duas formas de viver. A forma varandista e a forma perdido na multidão.
Na multidão, mesmo perdido, algo é vivenciado intensamente. A vida é colorida e brinda com a sapiência de conhecer seu próprio interior para exteriorizar aquilo que mais lhe agrada. O homem da multidão é escritor em primeira pessoa. Vive intensamente os sentimentos desse mundo de meu Deus. Da a cara a tapa. Se bobear oferece a outra face.
A vida só faz sentido se estiver vivendo tal dádiva.
Na multidão quem está perdido pode ou não se encontrar. Essa é a graça da vida.
Não saber o que o Senhor Destino quer de tal existência. Simplesmente tal ser abençoado não esta nem ai pra paçoca.Viver como se o amanhã não existisse e todas as suas forças fossem necessárias para o hoje. Independente do que aconteça às experiências serão marcantes.
Não saber o que o Senhor Destino quer de tal existência. Simplesmente tal ser abençoado não esta nem ai pra paçoca.Viver como se o amanhã não existisse e todas as suas forças fossem necessárias para o hoje. Independente do que aconteça às experiências serão marcantes.
Na vida não existe meio termo. Ou você é varandista ou é multidão.
Prefiro a perdição entre meu interior, amores e desamores que terei do que a observação de um escritor pífio que com elegância entrelaça prosa e verso numa rima e numa vida que não é sua.
Elegante forma de viver a vida dos outros.
Não pra mim.
Rodrigo Roah é jornalista, professor, poeta e idealizador do blog As Caravelas. Twitter: @rodrigoroah