O Bayern de Guardiola ao passo do Tiki Taka


Por Felipe Bigiazzi Dominguez | Futebol | 


Por essa overdose de futebol que nos consome diariamente, havíamos esquecido de bolar uma desculpa laboral afim de acompanhar Chelsea x Bayern de Munique. 

A peleja valia a Supercopa da Uefa. Nada melhor para começar o final de semana. Midiaticamente só se falava da nova versão do duelo entre Guardiola e Mourinho. A peleja era mais do que isso, pois em campo tínhamos dois dos principais favoritos a levar a Champions League nesta temporada. E foi um baita jogaço. Digno do que veremos nesta temporada. 

O Bayern, fiel ao estilo de seu treinador, começou a partida se impondo com toque de bola e pressão no campo adversário. Guardiola, em poucos jogos a frente do esquadrão bávaro, conseguiu implantar mudanças táticas e de estilo no atual campeão europeu. Pudemos ver o Bayern postado no 4-3-3 - o mesmo da era Guardiola no Barcelona - com um meio-campo pra lá de técnico: Toni Kroos como primeiro volante marcando Oscar, Philipp Lahm como volante pela direita e Thomas Müller, ora centralizado, ora encostando como segundo atacante ao lado de Mandzukic. 

O Chelsea, também fiel ao estilo Mourinho - o rei do 4-2-3-1 - tinha como estratégia chamar o Bayern em seu campo para buscar o contra-ataque. 

E foi assim, logo aos 7 minutos, que o alemão Schurrlle, recém contratado junto ao Bayer Leverkusen, encontrou Fernando Torres, livre entre Dante e Boateng, para abrir o placar. Golaço em uma aula de contra-ataque puxado por Hazard. 

O Bayern não se abateu, seguiu no melhor estilo Guardiola, trocando passes curtos dentro do campo do Chelsea. Aos 30 minutos as estatísticas apontavam 81% de posse de bola para o time alemão. Apesar do domínio, o Bayern não conseguiu entrar na área do Chelsea, graças ao bom trabalho da dupla Cahill e David Luiz. As grandes chances do Bayern vieram em tiros de fora da área, sempre com o imparável Ribery que passava por Ivanovic com notória facilidade. O primeiro tempo terminava com Peter Cech como o grande nome do jogo.

O segundo tempo começa com um Bayern ainda mais agressivo. Eis que, logo aos 2 minutos, Ribery passa por Ivanovic e chuta no canto esquerdo de Cech: 1x1 em Praga. Guardiola queria mais. Para o treinador catalão, não basta vencer, é preciso dar sinais de identidade e ousadia para justificar uma vitória. Sem titubear, Guardiola coloca Javi Martinez, trazendo Lahm para sua posição natural - a lateral - e liberando Kroos como segundo volante. Em seguida, foi a vez de Mario Gotze entrar no lugar de Thomas Muller - que fazia uma partida burocrática.

O Bayern seguia melhor, mas o cansaço já era visível, com o Chelsea conseguindo adiantar suas linhas e emparelhar o jogo, sempre buscando Oscar e Hazard pelos flancos. Ramires foi expulso aos 40 minutos, após duríssima falta. Mourinho decidiu recompor o meio campo para a prorrogação, colocando Obi Mikel no lugar de Schürrle. No ataque sangue novo: Fernando Torres deu lugar a Lukaku.

Guardiola decidiu gastar sua última substituição para encarar a prorrogação. Robben, de partida apagada, deu lugar ao jovem Shaquiri na ponta-direita. Logo aos 4 minutos, em outra aula de contra-ataque, o belga Hazard passou com facilidade por Philipp Lahm para chutar no canto direito de Neuer e colocar os Blues em vantagem. O Bayern foi com tudo pra cima do Chelsea. Apesar do domínio territorial, os bávaros insistiam em cruzar bolas na área, consagrando Cahill, David Luiz e Ivanovic. 

Mourinho armou uma retranca intransponível com a entrada de John Terry no lugar de Hazard. O que vimos no final do jogo era algo parecido a handebol. Uma linha de 5 defensores com Lukaku e Oscar voltando ate a intermediaria para combater a subida dos laterais do Bayern - Alaba e Lahm - ao passo que Lampard e Mikel fechavam a entrada da área. Foi quando os deuses do futebol resolveram punir Mourinho. 

No ultimo lance do jogo, Javi Martinez fez o gol de empate. Na base da sorte, o volante do país basco conseguiu levar a disputa para as penalidades de forma pouco usual nos times comandados por Guardiola: em um cruzamento para área. 

O titulo veio com a defesa de Neuer na última cobrança do Chelsea, desperdiçada por Lukaku.Duro golpe para o jovem e valente Chelsea, também fiel ao estilo de contragolpes imposto por seu treinador. Para o Bayern, mais do que uma nova taça, foi importante começar a demonstrar que a chegada de Guardiola vai valer a pena, e que ao passo do Tiki Taka, o Bayern chega forte para buscar o bicampeonato da tríplice coroa.

Esquema tático do primeiro tempo

Esquema tático do segundo tempo

Esquema tático da prorrogação

Felipe Bigliazzi Dominguez é colaborador do Pastilhas Coloridas e responsável pelo blog Ferrolho Italiano
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