O déjà vu colorado


Por Felipe Bigliazzi Dominguez | Futebol |

Assim com em 2012, a metade vermelha de Porto Alegre termina a temporada amargando uma nova desilusão. Tudo graças a um time que apesar de ostentar um elenco farto de estrelas e jogadores veteranos, padece no meio da tabela do Brasileirão, distante da briga por uma eventual vaga para a próxima edição da Copa Libertadores.

A atual direção do Internacional parece não aprender com os erros do passados, que culminaram com erros imperdoáveis na montagem do atual elenco. E pensar que a era Dunga começava de forma animadora, com o titulo gaúcho conquistado sem sobressaltos(Levou tanto a Taça Piratini quanto a Taça Farroupilha). Há de se ressaltar que o Grêmio usou o estadual como pré-temporada priorizando a Libertadores , no entanto ficava a esperança de um trabalho promissor de Dunga, que logo de cara implantou o mesmo sistema usado em seu ciclo na seleção brasileira, o 4-3-2-1.

O Internacional Campeão Gaúcho no 4-3-2-1 armado por Dunga
O meio campo formado com 3 volantes - Ygor, Josimar (ora Willians) e Fred - que tinham a missão de proteger a defesa , liberando Forlán e D'Alessandro para o setor de criação. A principio a dupla do Rio de La Plata se entendeu maravilhosamente bem, dando a ilusão que o time chegaria forte para a disputa do nacional. Ledo engano, o time começou o Brasileirão de forma irregular com apenas 6 pontos conquistados nos primeiros 5 jogos.

Veio a parada obrigatória para a disputa da Copa das Confederações e com ela também chegaram os malditos ucranianos com suas irrecusáveis malas cheias de Euros. O zagueiro Rodrigo Moledo, que fez uma dupla sólida com o veterano Juan, trocou o colorado pelo Metalist, ao passo que o jovem Fred - o melhor volante do elenco e um dos destaques do time do estadual - acabou seduzido pela oportunidade de disputar a Champions League pelo Shakhtar Donetsk.

No Gre-Nal do primeiro turno: um decepcionante empate em 1 a 1
Com a janela de transferências aberta durante a Copa das Confederações, o Inter foi buscar no Corinthians o polivalente Jorge Henrique. O meia se tornou símbolo da falta de planejamento do elenco, atuando em 3 posições diferentes durante a campanha - ora como meia aberto, ora como volante e até mesmo como lateral direito. Apesar das lesões e da falta de reposição na defesa, Dunga conseguiu armar o time ainda no 4-3-2-1 com Jorge Henrique e Fabricio como volantes; assim o colorado emplacou 3 vitorias consecutivas contra Vasco, Fluminense e Flamengo.

O grande divisor de águas na temporada foi a goleada sofrida contra o Náutico na Arena Pernambuco. Mais do que um mal pressagio, veio o alerta de que as coisas não andavam bem, muito em função de uma zaga remendada e da falta irreparável de D'Alessandro - disparado o melhor jogador do time na temporada. O time acusou o revés, perdendo na sequencia para o Santos e chegando fragilizado para o Grenal, que terminaria com um decepcionante empate em 1 a 1.

Era o começo da serie incrível de 6 empates consecutivos. Dunga, enfim, cogitou a possibilidade de mudar o esquema de jogo para proteger a vulnerável defesa - que por ora atuava improvisada com Ednei na lateral direita e Ronaldo na zaga. Para piorar, o ataque também não funcionava; Forlán voltava a atuar mal, assim como Leandro Damião, claramente abatido com a perda de espaço com Felipão na seleção brasileira - somada a não concretização da esperada transferência para um grande time europeu.

O Inter repaginado no 4-2-3-1 quando venceu o Corinthians no final do primeiro turno
Nem mesmo a chegada do ídolo Alex e do badalado Ignacio Scocco - artilheiro do Campeonato Argentino e um dos destaques da marcante campanha do Newell's Old Boys na Libertadores - resolveu o problema do ataque colorado. O argentino foi escalado - na maioria dos jogos - fora de sua posição habitual, atuando muitas vezes como meia aberto pela esquerda na linha de armadores do novo 4-2-3-1 de Dunga. Alex tampouco deu retorno imediato, claramente fora de ritmo de jogo, pagando o preço de atuar a ultima temporada no mundo árabe que o deixou longe da sua plenitude física e técnica.

No final do primeiro turno, Dunga repaginou o Internacional no 4-2-3-1, com Ygor e Willians como volantes. Andres D'Alessandro foi sacrificado outra vez, agora escalado pelo flanco direito da linha de armadores; o jovem Otavio ganhou minutos como segundo atacante, deixando Forlán no banco e Nacho Scocco como opção pelo lado esquerdo. Neste modelo, o Internacional começou bem o returno embalando 3 vitorias consecutivas. Eis que, uma nova maré de derrotas se abateu. O empate em casa contra o Atlético Paranaense no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. foi o estopim da crise. A derrota contra o Vasco em Macaé - a terceira seguida no campeonato brasileiro - determinou o fim melancólico da era Dunga.

Já sob o comando de Clemer o Inter é eliminado da Copa do Brasil frente ao Atlético/PR 
Sem opção no mercado, Clemer assumiu a bronca, tentando aparar os problemas internos do vestiário. Contudo, O 4-2-3-1 foi mantido, agora com o garoto João Afonso ganhando oportunidade na cabeça de área ao lado de Willians. No Brasileiro, o time seguia a toada irregular dos últimos meses, deixando claro que o titulo da Copa do Brasil era a ultima chance palpável para salvar a temporada. Contudo, o empate sem gols contra o Furacão na Vila Capanema eliminou o Colorado e deu fim a uma temporada nebulosa.

Para 2014, a torcida colorada clama por mudanças no elenco, assim como reformulação drástica no departamento de futebol. Menos grife e mais transpiração deverá ser o lema a ser seguido no Beira Rio. Por essas e outras, Abel Braga é o nome mais cotado para reconduzir o Internacional a seus dias de gloria já na próxima temporada

Felipe Bigliazzi Dominguez é colaborador do Pastilhas Coloridas e responsável pelo blog Ferrolho Italiano
Share: