De como Joy Harmon pode salvar o futebol brasileiro da pasmaceira plena...

Por Marcelo Mendez

Eu fui assistir REBELDIA INDOMÁVEL do Stuart Rosemberg, primeiro porque era um papel do Paul Newman em 1969 em um filme de uma temática muito foda. Tratava da história de um sujeito de nome Luke Jackson que faz umas cagadas na vida. Roda, vai preso. Dae vem onde a coisa pega no filme...

Recolhido em uma colônia penal de regras ferradas, Luke não aceita se submeter ao sistema e de cara gera desagrado tanto nos guardas como seus companheiros de prisão. Então odiado por todos Luke continua tentando cumprir sua pena de dois anos até que recebe a notícia de que sua mãe morreu. O capitão o prende na solitária para que ele não fuja para ir ao enterro, como outros fizeram antes e ae, revoltado até a medula. Luke foge da prisão por diversas vezes e é sempre recapturado, o que o torna uma lenda entre os presos ao mesmo tempo em que os policias começam a tentar "quebrar" seu espírito e a submetê-lo a diversas torturas e intimidações. Óbvio que não conseguiram nada para mudar o espírito indômito do sujeito... Mas ae vem o segundo e principal motivo:

Joy Harmon...

Amigo leitor, vos digo; A cena em que Joy Harmon faz uma garota safada, cheia de quengagem se ensopando de sabão, de saia minúscula para provocar os pobres diabos presos enquanto eles faziam la um serviço forçado é... SENSACIONAL! Confesso aqui que são os dois minutos de filme que me levaram ao cinema de cara. Muito mais do que todo espírito contestatório que rege o filme. E essa é a questão que coloco aqui para nossos assuntos ludopédicos.


Tem horas no futebol que me encanta muito mais dois minutos que sejam plenos, do que os outros 88 minutos que são usados burocraticamente para se fechar uma partida. Já falei pra vocês de como vejo isso:

Eu sou uma espécie de mendingo do futebol. Um sujeito que vaga pelos campos, de pires na mão implorando por “uma caneta pelo amor de deus”, por “um chapéu, uma toca”, “Por misericórida senhor jogador, de uma trivela! Um passe certo, um gol bonito pelo amor de deus!!”

Tal e qual meu amigo Edvaldo Santana é “um lobo solitário procurando amor”, eu sou um miserável ludopédico em busca de um pouco de arte por Deus ou, por quem quer que for que possa me ajudar nisso. Afinal falamos de um esporte que é por excelência, pagão e belo. Pois bem...

Tivemos uma semana nesses níveis. Desesperadamente eu procurei por alguma coisa no futebol que merecesse minha atenção e meu alento. Vaguei pela Chanpions League e por la tivemos uns jogos até que bons como o Juventus x Chelsea, aquela coisa que o jornalista futeboleiro dos dias de hoje, ama tresloucadamente! Um tal de trombada, correria, aceleração, marcação, uma truculência de fazer inveja aos Espartanos! Não sei... Talvez eu devesse me contentar com essas coisas. Afinal o jogo foi 3x0 para a Juventus, foi forte, vigoroso, todo mundo correu a vera e 90% de quem o viu saiu felicíssimo! Só que ae que tá:

Canela de Ferro tem grande orgulho de fazer parte dos 10% restantes dessa vala ae...

Na mesma hora, troquei de canal e vi Andres Iniesta pelo Barcelona driblar uns russos la do Spartak com a elegância de um Rodolfo Valentino. Foram 27 segundos que me valeria à tarde! Vi Paulo Henrique Ganso, acertar um passe imortal no jogo entre São Paulo x Universidad
Católica, um passe daqueles em que o jogador chega perto da sagração. E ae, enquanto todo mundo tava la mastigando, ruminando a anaĺise de um jogo modorrento, chato e xelexelento, eu lá... Extasiado com 10 segundos de encanto. Ae fica a questão que coloco aqui caro leitor:

É realmente importante falar aqui de uma penca de empates que rolaram na ultima rodada do Brasileirão? Falar da demissão do Mano Menezes, um sujeito que chegou sem merecer e que saiu sem ninguém entender... Pra que? Vocês que gostam de futebol querem mesmo saber dessas baboseiras? Amigo torcedor, meu querido...

Procure no futebol de vocês algo que de fato faça valer a resenha de vossa cerveja no dia seguinte! Queira do futebol o encanto que lhes encherá a vida de alegria. O esporte é assim. Não adianta patavina, saber quem será técnico da CBF ano que vem, não precisa esquentar a
cuca com o 1x1 do São Paulo no Chile, coisa nenhuma disso os fará alegres como vocês merecem de fato serem. Não... Queiram do futebol, o mesmo que eu quis no cinema para Joy Harmon e eu garanto:

Joy Harmon é muito mais agradável que o laquê do cabelo do Zé Maria Marin...

Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.
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