Quando eu era criança, bem moleque mesmo, achava que se eu não fosse um bom menino Deus iria me castigar e me mandar direto para os braços do capeta.
Sempre andava na linha. Mas chega o dia que de tanto andar na linha o trem te pega.
Esse trem não é tão bonito como na canção “Trem azul”, manja? Tava mais pra “Trem das 7” do Raulzito. O último do sertão!
Fodeu!
Azar da porra ser pego pelo último trem.
O fato é que o trem me pegou. Como?
O bom e velho Rock and roll, baby!
Não que ache que o rock and roll seja coisa do Demo, mas digamos que foi dele que me libertei e dos medos que tinha do inferno desde criança.
Como diria meu amigo e filósofo lá das bandas de São Caetano, Marquinhos,...
“Nessa época eu era garoto bobo da roça”
A loucura começava...
Passei a minha adolescência no “Faça o que tu queres”... (sociedade alternativa total).
Quando se faz algo assim as consequências aparecem na mesma proporção.
Liberdade, libertinagem e outras cositas de um adolescente rebelde sem causa. O fato é que fiz o demônio parecer chiclete cumpadi!
Mastiguei o cramunhão até ele perder o gosto e ser descartado.
Devo isso ao rock and roll que me deu a coragem que a igreja insistia em tirar de mim.
Claro que de vez enquando o sabor do chiclete volta a minha boca, mas ai é fácil de resolver o problema. Um bom disco na vitrola e pronto!
Paz para meu espírito atormentado.
Digamos que o capeta nunca me deixou de verdade. Vive indo e vindo na minha mente e deixando um sabor na boca que sinto de vez em quando.
Continuo mastigando o capeta e fazendo bola. Que o rock me liberte cada vez mais dos bancos com cara de igrejas. Que habite na minha alma sentimentos libertos de estigmas.
Vida longa ao rock and roll!
Amém!
Rodrigo Roah é jornalista, poeta e idealizador do blog As Caravelas. Twitter: @rodrigoroah