Álbuns Clássicos - Zé Ramalho (1978)

Por Marcelo Mendez

Posso dizer que uma das melhores coisas que inventei junto com o comparsa Vinicius Alves foi essa coluna Álbuns Clássicos. Minha chance de retribuir um pouquinho do tanto de bem que todos esses caras maravilhosos fizeram a mim, à minha vida e à minha formação.

Hoje, quero falar de mais um desses discos de coração mesmo. Daquelas coisas boas, aquelas preciosidades do que há de mais rico dentro da cultura popular. Vamos trazer um disco de estreia, de um músico importantíssimo para a formação justamente disso, dessa riqueza toda que vos falo.

Então, senhouras e senhoures com vocês o disco de estreia ZÉ RAMALHO de 1978...

Zé Ramalho é o que há de mais Brasileiro. Nascido na cidade de Brejo Da Cruz, inteirorzão da Paraíba, dono de influencias que vão desde os mais tradicionais elementos da Cultura Nordestina formada por cantadores, repentistas e rabequeiros até o que havia de mais supimpa da cultura pop como Bob Dylan e os brazucas Golden Boys, Roberto Carlos, Raul Seixas, além de referências literárias vindas de muita Literatura mitológica grega e histórias em quadrinhos.

Pronto. Formado então o Caldeirão Sonoro.

Assim. Zé começa sua carreira. Primeiro em esporádicas participações em programas de TV, depois como Guitarrista de Alceu Valença até seu primeiro voo como autor ao lado de Lula Cortes no psicodélicão Paebiru de 1975 que já já figurará por aqui... Depois Zé começa a ser notado no cenário musical local.

Tem suas composições gravadas por Alceu Valença em um discaaaaaaaaaaaaaçooo do Alceu o lendário Espelho Cristalino, que conta com EU SOU VOCÊ e DANÇA DAS BORBOLETAS de nosso personagem. Ae não teve mais jeito; Zé Ramalho, pronto que estava para as buchas,
teria que estrear em carreira solo. E o fez fodasticamente...

Ao lado do mago da produção da Som Livre, o espetacular Jairo Pires, Zé entra em Estúdio em fevereiro de 1978. Tinha que aproveitar a passagem de Patrick Moraz da Banda Yes pelo Brasil, para cantar com a participação do musico aos teclados de Avohai, uma musica preciosa em que Zé homenageou o seu pai, falecido por afogamento em uma represa do Sertão e seu Avo Raimundo, tudo em meio a uma baita viagem lisergicona movida a musica, cogumelos e outras substancias capetísticamente lindas. Sai ae uma das mais lindas canções da musica brasileira.

E o Disco tem muito mais!

Contando com Sergio Dias nas guitarras, Jurin Moreira na Bateria e mais um montão de fodão, Zé consegue para esse disco umas maravilhas tais como VILA DO SOSSEGO, CHÃO DE GIZ, BICHO DE SETE CABEÇAS, MENINAS DE ALBARÃ... Uma benção de disco!

Com ele, Zé marcou forte seu nome na cena musical do final dos anos 70, criou um terreno favorável para o próximo disco seu o ótimo PELEJA DO DIABO COM O DONO DO CÉU, emplacou shows lendários e marcou toda uma geração dentre os quais faz parte, esse escriba que vos redige essas linhas. Então vamos deixar aqui um gostinho para os senhoures como
AVOHAI no player, o linkão ae pelas capas pros senhoures baixarem a macumba toda e ae embaixo já sabem...

Tasca o player e perigas ver...



Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.
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