Nabarrete samba clube e um verso de Marina para Mano Menezes ser menos triste...

Por Marcelo Mendez

Marina Bastos é Brasileiríssima!

Morena, linda, dona de um sorriso imortal e uma alegria que contagia, a minha amiga flutua, desfila, não pisa o mesmo chão das mortais.

Quando ela desce a ladeira do Bairro de Santa Terezinha em São Bernardo rumo à redação do Jornal ABCD Maior, o Sol aparece no céu para aplaudi-la. Então o “Nabarrete” do seu nome já pode ser deixado de lado aqui. Marina é Bastos, porque além de brasileira, Marina é um
encanto.

Anda pela redação com a cadencia de um samba do Geraldo Pereira. Tem a elegância de um Tamba Trio. Fala com a leveza de um verso do João Cabral de Melo Neto. Linda! A beleza de Marina é capaz de parar briga de boteco e discussão por herança em velório de pobre! Nada resiste aos encantos dessa morena de pernas longas, lindas, cintura de baião do Gonzagão e ancas santas!

A beleza de Marina é a sagração do que há de mais divino entre os homens de boa fé. E pensando nisso chego a conclusão portanto de que no feriado nacional, não há nada que me represente mais como Brasileiro do que minha amiga de ginga celestial. Fico feliz com isso visto que, uma outra manifestação brasileira me parece não ocupar mais essa lacuna. Vejamos então o time de Mano Menezes, que um dia foi a Seleção Brasileira de Futebol. Hoje já não sei...

Sexta-feira ultima o time do Mano entrou em campo para enfrentar a África Do Sul no Morumbi e o que menos importa é o resultado final, o 1x0 mirrado com gol de Hulk na Bacia das Almas, aos 45 do segundo tempo. Tem muitas outras coisas que afloram depois do que se viu em
campo e ao redor dele no ultimo jogo.

Quem me acompanha aqui em Canela de Ferro sabe muito bem o que penso acerca dessas coisas nossas de futebol e seleções nacionais. Para mim, assim como a musica clássica representa o povo alemão e seus antológicos compositores, da mesma forma que os Gregos são conhecidos por sua tradição helênica no pensamento mundial e toda contribuição dada a eles para a humanidade, assim como o patriotismo e paixão (Para o bem e para mal..) representa o orgulho do povo Americano, tal e qual James Joyce simboliza a tradição dos ótimos escritores britânicos, o futebol (entre tantas outras coisas maravilhosas nossas...) Nos
representa no que temos de mais rico dentro da cultura popular do Brasil. E isso não pode ser uma coisa rasteira, simplória.

Eu até entendo que nessa sociedade absurdamente retrógrada, burra, consumista e simplista, o futebol seja visto de uma maneira superficial, tal e qual fazem os mais incautos que insistem em dizer que isso “é só um jogo”. Não é! O futebol no Brasil age diretamente na Economia, no Comportamento, nas Artes, em toda nossa Cultura. Em um jogo de futebol, por 90 minutos é muito possível se identificar tudo que há de mais representativo em nosso jeito de ser, de sentir, de se estar em harmonia com a história de um povo. E ae que está a questão:

O que tem no time do Mano Menezes que nos representa como tal?

Em um time de futebol totalmente voltado para o que há mais rasteiro em se tratando de negócios, em um time que copia estupidamente o que há de mais mecânico dentro do futebol europeu, o que pode ser visto ae nessa conjuntura como Brasileiro?

Nada!

Em Mano Menezes e em suas concepções de futebol não há a malemolência dos passos de Marina Bastos. Seu time é duro, joga com os punhos fechados e com a cara amarrada! Não tem ali em seus meio campistas um gesto delicado, charmoso como tem Marina, quando balança a cabeça para o lado esquerdo durante uma conversa. O Olhar meigo de minha amiga quando ela para pra nos ouvir numa prosa, lembra Pixinguinha. A fleuma da sua voz é como o por do sol em Paquetá. O talento das letras dela na editoria de cultura do ABCD Maior vem la dos ensinamentos do Claudio Abramo, é Paulista no Tempo, é Carioca no olhar, é Pernambucana na cor, é Baiana no Suingue, é Gaucha na luta do dia a dia é Brasileira na vera!

Se Dorival Caymmi visse Marina Bastos colocando as mãos na cintura ao levantar de sua Cadeira rumo a salinha e café do ABCD Maior dedicaria a ela muito mais do que uma ode pedindo pra Morena não se pintar. Diante da beleza da minha amiga ao invés de um samba ele faria a ela um Quadro de fazer o Portinari chorar! E como Marina consegue isso?

Oras...

Simplesmente sendo... Brasileira.

Se Mano Menezes treinasse portanto um time que me representasse como Brasileiro, ele teria muito menos preocupações do as que anda tendo ultimamente. Ele não ia perder tempo pra ter que explicar o porque dessa estranha ligação com o Empresário de jogadores, muito seu amigo e suas estranhas convocações. Gastaria menos energia, dessa que vem gastando para explicar porque diabo no seu time Ramirez não consegue jogar bem. Porque na Seleção Brasileira, ao invés do ótimo segundo volante que é no Chelsea, o rapaz tem que ser dublê de lateral direito. De certo ele não levaria pra uma olimpíada o tal do zagueiro Bruno Uvini, sendo que o sujeito não joga há quase 2 anos!

Se Mano Menezes tivesse 2% da categoria da Marina, ele seria muito mais leve como pessoa. Não ia precisar de um Mídia Training para ficar menos ridículo aos olhos da imprensa. Se ele aceitasse um pêssego que Marina guarda carinhosamente em sua gaveta na redação, seria o pobre homem, uma pessoa muito mais feliz. Pensando nisso tudo nada mais precisa ser dito sobre essa coisa toda.

O Time que um dia foi a Seleção do Povo, hoje é uma franquia da Nike, da AmBev, e de outras coisas menos poéticas. Jogará logo mais a noite contra a China clamando por um pouquinho de carinho do povo do Recife onde será o jogo e olhem a coisa podia ser bem menos sofrida. É fácil viu Mano? Venha até São Bernardo, olhe para a flor que enfeita o cabelo de Marina Bastos e seja feliz.

E ae se você não entender sinto muito; Compre um casaco de lã e uma passagem pra Kiev.

Quem sabe por lá você se acha...

Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.
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