O primeiro abraço que recebi quando cheguei para trabalhar no ABCD Maior foi da Amandinha.
Sorrisão bonito, braços abertos, foi o tipo de coisa que passa batido para maioria dos apressados da vida, mas que a mim, deu a maior paz. Ae veio o dia a dia e minha melhor constatação da amiga é simples:
Amanda Perobelli é rock and roll!
A menina ruiva do ABCD Maior saiu das quebradas de Google Street, direto para fotografar pelas cidades do ABC. A bordo de sua possante máquina fotográfica até o cotidiano chato passa a ter uma malemolência. Amanda é rock!
Amandinha é Bob Gruen assoviando Mutantes, é Richard Kern de tênis Puma colorido ao som de Suffragette City pela Marechal Deodoro. Amandinha de coturno, parada coma a mão no bolso de trás da calça jeans olhando para o Quadro de aviso da Redação do é a versão mais
Rock And Roll do que pode vir a ser a tal da “paz do seu sorriso”. Ae fico pensando; Como seria bom isso tudo para o futebol nosso de todo dia! Como seria legal se nossos times fossem menos previsíveis e mais rockers. Menos clichês e mais Amandinha... Pois senão vejamos...
Ney Franco mudou o eixo de direção da equipe. Ao invés da forma tática atabalhoada, centrando o jogo do time da saída doida dos laterais peladeiros Cortez e Douglas, o time de Ney passou a ter uma melhor cadência com as entradas de Maicon no meio campo, com a fixação de Paulo Miranda em uma das laterais e com uma melhor qualidade nas trocas de passes, fruto de triangulações muito bem treinadas, uma movimentação interessante, que ajudou até o ótimo Lucas a correr menos e corretamente. Isso tudo, sem falar da eficácia do seu camisa 9 Luiz Fabiano. Com tudo isso, no meio da semana o tricolor daqui atropelou o
Botafogo. E no que pese o time de Marechal Hermes não servir de referencia, as expectativas eram muito boas para o jogo de ontem contra o Bahia.
Então porque a derrota para o Tricolor de lá por 1x0? O que explica isso? Simples...
Faltou à intensidade, faltou à exuberância que há num rock and roll de três acordes para o tricolor daqui. Faltou Ney Franco ver a Amandinha, sacar como a menina ruiva trabalha e ae sim ele sacaria...
Com a Amanda as fotos dançam, as imagens saem de sua lente como num transe xamânico de Roberto Piva. Perobelli é uma cena dirigida por Sam Peckinpah de All star! É um verso do Paul Verlaine em fúria. Lady Vestal do Gregory Corso, tomando cerveja no Bar Da Rosa às 18 horas. Pure Rock Songs! Isso Ney Franco, falta isso pro seu time meu caro!
Falta dança! Falta transe! Falta malandragem do bem! Se o seu time fosse Pure Rocker como a Amandinha, seus zagueiros não se perderiam em linha, com medo de deixar sobra da segunda bola, saberiam como usa-la a seu favor como fazem os grandes zagueiros. Teriam a partir dae uma melhor saída de bola, encontrariam mais facilmente o volante na hora de começar as jogadas e não errariam tetricamente como ontem, no gol de Gabriel para o Bahia.
Se o seu time fosse mais Stooges e menos poperô, haveria um melhor balanço na hora de Jadson tentar encontrar os vossos atacantes. Não seria o espaço de seu centroavante, o Deserto Vermelho do filme do Michelangelo Antonioni. Seria ali, uma região habitada de
irreverência, de encanto como foi na quarta passada! Ney Franco, seu time é bom! Só te falta ousar! Falta você tirar esse teu roupão de tio mijão que tu usa na beira de campo e meter um jeans surrado lindo, com a cinta de couro de Amandinha! Ousa Ney!
Você é um cara bom e seu time não é la dos piores. Falta só perder o medo! Larga o Luiz Fabiano ae pra dar peitada em quem ele quiser, deixa o Casemiro dar umas quebradas na noite, vai junto! Leva teu time pra ver Claudio Cox berrando Rambling Rose a frente dos Giallos! Faça
do seu time um Rock pleno de som, paixão e fúria! E claro...
Veja os olhos da Amandinha brilhando ao ouvir Cat Power cantando Lived In Bars que ae você vai entender...
Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.