A relação que o homem mantém com o tempo através da história é relativamente conflitante. Sonhamos um dia atravessá-lo em contos de ficção cientifica, mas ao contrário disso que seria um controle infinito, acabamos sendo escravizados por ele.
Nos últimos 25 anos o nosso cotidiano sofreu mudanças drásticas quando o assunto é tempo. A busca incessante em “facilitar” a vida do homem, fez com que inúmeras invenções fossem desenvolvidas para uma única e exclusiva finalidade: poupar tempo.
Se pensarmos que se esse tempo poupado tivesse o destino lógico de dar ao homem menos trabalho e mais lazer (no sentido amplo da palavra), o propósito teria sido magnífico. Mas o buraco é muito mais embaixo malandragê...
Quem nunca ouviu pelo menos uma vez na vida a expressão “Tempo é dinheiro”? Pois bem, é com base nesse “slogan Fordiano” que somos pressionados nos nossos empregos e em quase todas as outras relações sociais que mantemos.
Pelo lado do trampo, hoje com a mesma jornada de trabalho e um terço de trabalhadores, produz-se três vezes mais do que há 25 anos atrás. Ao invés de redução de horas, reduziu-se a mão de obra. O tempo economizado foi pro bolso do patrão e o ócio não remunerado pro buraco do peão.
Pelo lado do trampo, hoje com a mesma jornada de trabalho e um terço de trabalhadores, produz-se três vezes mais do que há 25 anos atrás. Ao invés de redução de horas, reduziu-se a mão de obra. O tempo economizado foi pro bolso do patrão e o ócio não remunerado pro buraco do peão.
Fora dessa esfera industrial, a velocidade aflige segmentos como o da informação, por exemplo. Isso é desastroso, para não dizer o que eu realmente gostaria. Lembro-me de uma canção do Caetano Veloso, escrita há mais de quarenta anos, cujo um verso serve aqui como uma luva de couro nas mãos dos psicopatas do Senhor Argento: “Quem lê tanta noticia?”.
Enquanto essa equação produtividade/tempo/homem me parece bem distante de ser resolvida, alguns grupos de pessoas falam em desaceleração, em ser “off-line”. Inverter o processo para seguir adiante, esquecer o relógio ou pelo menos ter o direito de colocá-lo no bolso.