Por Marcelo Mendez
Niceia Clímaco é a elegância, o charme, a sutileza e tudo mais que a classe e a educação em pessoa.
Moça de traços finos, gestos delicados, elegância no seu passo de Grace Kelly rumo à sua mesa na redação do ABCD Maior, Niceia personifica perfeitamente o que se diz de uma “mulher fina”. O toque de suas mãos delicadas na pérfida página da Folha De São Paulo que ela lia sempre por volta de 14:23 da tarde era algo singular; Delicado, suave, sem pressa, com a calma dos sábios. Com a elegância das divas, das mulheres de classe, que sabem contemplar as boas coisas da vida.
Niceia le o caderno de política do duvidoso jornal local, com o mesmo prazer do Marcel Proust que ela me lembra. Quando eu a via com seus óculos de armação italiana, a sua imagem me lembrava Horace Silver. “Sister Sadie” On Niceia... A moça da mesa ao lado à minha tinha as
cores de Delacroix, tinha a calma de Louie Male dirigindo Adeus Meninos.
Afinal de contas, quando via a nobre dama do caderno de economia bebendo sua água sem gelo, pensava eu:
“Tenho que fazer por onde ficar a altura dessa elegância”. - Óbvio que não dava mais a busca por essa meta é algo que todo sujeito deve ter.
Melhorar...
Se espelhar em algo que nos faça querer ser uma pessoa melhor, deve ser a meta (A real meta) de qualquer sujeito vivente. Ae fica a contribuição que Niceia poderia dar aos homens de pouca classe que hoje dirigem o meu Palmeiras.
Os 2x0 sofridos pelo Verde de Parque Antártica ontem, em mais uma derrota para o seu maior adversário o Corinthians passa a ser então uma triste redundância. Os fatos que regem essa morte anunciada vão muito além do que três pontos que se deixa de somar na tabela. As coisas são deploráveis no Palmeiras.
Começa ali por 2000 quando o clube entra em uma espécie de ressaca após os anos dourados da parceria com a Parmalat. Ali, o clube não teve em seu corpo diretivo a sobriedade fina que Niceia Clímaco tem, a educação que a moça coloca na voz ao pedi a Artur para aprontar a
matéria do aumento do preço dos pãezinhos para o caderno de economia.
Falta foco, falta visão, falta educação aos homens do Palmeiras.
Ao invés disso, egolatrias, varzeanismo, amadorismo do mal e outras excrescências tomaram conta da direção do Clube ao longo dos anos.
Culminou com o rebaixamento em 2002, com a seca de títulos desde então terminada com a conquista de um titulo paulista em 2008 e da Copa do Brasil em 2012 em um time comandado por Luis Felipe Scolari.
Felipão...
O Gauchão é um caso a parte na história do clube.
Óbvio que se o sujeito se pegar os números do treinador para analisar sua segunda passagem ao clube, verá que a coisa não foi muito bem. São 27% de aproveitamento dos pontos disputados desde sua chegada ao clube em meados de 2010 até semana passada quando de seu desligamento. Claro que houve sim erros de avaliação de sua parte na condução do trabalho.
Que teve la muito de sua santa teimosia. Óbvio que seu time era previsível e não tinha la nenhuma novidade tática, mas ae que esta; De que forma daria pra inovar o que com o que deram para homem trabalhar?
Oras meus caros... O Homem não tinha mais um Evair, um Alex, um Arce, ou Edmundo pra trabalhar. Deram a ele Maicon Leite, Juninho, Max Pardalzinho, Marcio Araujo, Tinga, Adriano Michael Jacskon e outros degredados ludopédicos. Não tinham em sua retaguarda os homens que no passado fizeram do clube o gigante que ele é hoje.
Teve lá um incompetente Sergio Duprat que se revelou um grande fuxiquento, leva e trás de assuntos internos do Clube para tocar o fogo nas paginas da imprensa. Tal e qual uma velha fuxiquenta do Bom Retiro! Teve Roberto Frizzo que queria administrar um clube de 14 milhões de torcedores como se este fosse o Botafoguinho da Pompéia disputando o Desafio ao Galo. Não teve nenhum respaldo, nenhuma boa condição de trabalho e ae que fica a pergunta intrínseca que não cala:
Com tudo isso, vai esperar o que?
O Palmeiras hoje é um time perdido, sendo conduzido ao limbo por brados torpes que não tem a categoria, a singeleza, a candura do leve sotaque catarinense de Niceia Clímaco na condução dos seus. Não há no clube dos homens da Pompéia, uma pessoa com a sabedoria da moça para colocar as coisas nos eixos. Niceia é de uma educação tamanha que perto dela eu até consigo falar baixo!
Com certeza se ela estivesse no clube falando com Scolari, o gaucho arrefeceria o ânimo, iria com ela tomar um chá, falaria das montanhas verdes do sul de minas e esqueceria essa bobagem ae de ir embora bravo ou coisa do tipo. Após uma conversa com Nicéia a única coisa que resta ao sujeito é ficar feliz...
Problema é que o meu Verde não tem Niceia Clímaco...
Com o que sobrou, a realidade é que o time precisa vencer 72% dos pontos restantes e não vai conseguir isso. A segunda divisão em 2013 é uma realidade, portanto e não se mudará isso quebrando restaurante como uns imbecis fizeram ontem com o comércio de Frizzo. Não! Falta
sobriedade. Se os homens de lá quisessem melhorar um pouco, levariam Niceia Clímaco pra passar com eles uns dias e então eu tenho certeza que as coisas iam ser mais sutis e educadas na condução das coisas no Palmeiras. Não acontecendo isso, pouco resta ao Clube.
Um gole de café amargo e uma visita ao que sobra do forno micro ondas.
É a triste realidade de um enredo sem encanto que vem pela frente.
Pobre Palmeiras...
Marcelo Mendez é colaborador do Pastilhas Coloridas, filho da Dona Claudete, escritor e um dos responsáveis pelo cineblog Bandidos do Cine Xangai.