O grande Atlético de Madrid que calou o Bernabeu

Diego Costa comemorando o gol
Por Felipe Bigliazzi Dominguez | Futebol | 

O que falar de Cholo Simeone...?

Um vencedor nato desde os tempos de jogador, que agora como "professor" começa a conquistar a Europa "con el cuchillo entre los dientes". Quando falamos de Simeone lembramos daquele volante implacável, rústico e feroz, que nos assustava a cada Brasil x Argentina no começo dos anos 90.

A verdade é que ele era um grande jogador, refletido por seu respeitável currículo. Em 2000 foi campeão italiano pela Lazio marcando o gol do título contra a Juventus de Zidane e cia.; na Espanha também foi campeão nacional, dessa vez por seu amado Atlético de Madrid - ambos após décadas de fila e amargura.

Agora como técnico do Atlético de Madrid começa a demonstrar a mesma mentalidade vencedora dos tempos de jogador. Após títulos na Argentina comandando o Estudiantes de La Plata e o River Plate, Simeone chegou ao Atlético de Madrid em 2012, ainda com a banca de ídolo histórico por ter sido o volante daquele time campeão de La Liga na temporada 1995/96, comandado por Radomir Antic.

Eis que, Simeone conseguiu armar um Atlético de Madrid a sua imagem e semelhança: um time aguerrido que fez do Aleti campeão da Liga Europa em 2011/12 e da Copa do Rei da ultima temporada - justamente contra o Real Madrid em pleno Santiago Bernabeu. Neste sábado, credenciado pelo começo impressionante de temporada, o conjunto colchonero, após anos de humilhação perante o primo rico da cidade, chegava a Chamartín como líder do campeonato espanhol ao lado com Barcelona, com 100% de aproveitamento.

No Real Madrid, a sempre exigente torcida merengue já começava a desconfiar do trabalho de Ancelloti, que logo de cara mudou completamente o esquema de jogo, desfazendo o 4-2-3-1 dos tempos de Mourinho para deslocar Cristiano Ronaldo para uma nova função: agora ao lado de Benzema como centroavante. No meio-campo, o treinador italiano apostou no jovem Illarramendi para fazer dupla com Khedira.

O Real Madrid começou o jogo sem ideias, absorvido totalmente pela estratégia de Simeone. O argentino armou um Atlético agressivo, pressionando a saída de bola madridista, com Koke e Arda Turan combatendo os avanços de Arbeloa e Fabio Coentrao. Gabi e Tiago - que substituiu o lesionado Mario Suarez - fechavam a segunda linha colchonera . O gol surgiu logo no inicio do jogo. Após o bote em Di Maria, Filipi Luis encontrou Koke - em grande fase - que deu um lindo passe no vazio, entre Arbeloa e Pepe, encontrando Diego Costa - o artilheiro do campeonato espanhol - dentro da área para anotar a vantagem colchonera.

No segundo tempo, Ancelloti tentou desfazer sua péssima escalação, colocando Bale e Modric nos lugares de Di Maria e Illarramendi. Mudança de nomes, mas não de postura. Isco, apagadíssimo, veio atuar como meia centralizado, ao passo que Cristiano Ronaldo voltava para a sua posição natural, a ponta-esquerda. O Real Madrid seguia dominado psicologicamente pelo Atlético, que contra golpeava com rapidez, sempre com a dupla Koke e Arda Turan.

No Final, Ancelotti colocou o jovem Morata para acompanhar Benzema, em uma tentativa desesperada de encontrar o empate. Simeone fechou ainda mais sua segunda linha de marcação, com a entrada do uruguaio Cebolla Rodriguez pela direita. A vitória estava garantida. Mais do que os três pontos contra o maior rival e a liderança garantida, fica a esperança de que a Liga espanhola, enfim, se desprenda um pouco deste universo polarizado há anos por Barcelona e Real Madrid.

Esquema tático do primeiro tempo
Esquema tático do segundo tempo
Esquema tático dos últimos minutos da partida

Felipe Bigliazzi Dominguez é colaborador do Pastilhas Coloridas e responsável pelo blog Ferrolho Italiano

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