Café, Café - O desenlace do futebol Sul-Americano


Felipe Bigliazzi Dominguez | Futebol | 

Café, café...o fim de tarde da última sexta-feira, chegou com todo o seu esplendor a espera do desenlace das eliminatórias sul-americanas.

Corações apertados em cada rincão do continente, esperavam por duas verdadeiras finais, marcadas paras as 18h. Em Quito, o Equador recebia o Uruguai, ambos chegavam para o cotejo com a mesma pontuação, definindo em pleno estádio Atahualpa, quem ficaria com a quarta e última vaga direta para a Copa Do Mundo.

Os canais esportivos tupiniquins, outra vez mais, desdenhavam desses verdadeiros partidaços, e assim, tivemos que apelar para o bom e velho streaming, que nos cedia o sinal da TV Caracol da Colômbia. Era de arrepiar o clima vivido em Barranquilla. Parecia final de Copa do mundo. Chile e Colômbia, que durante este returno nos brindaram grandes exibições, duelavam para carimbar o passaporte direto rumo ao Brasil.

La Roja, agora dirigida por Jorge Sampaoli, começou o jogo a todo vapor, com a intensidade que caracteriza esta geração desde o ciclo Bielsa. Postado no 3-4-1-2 - o mesmo usado por Jorge Sampaoli no comando da Universidad de Chile tricampeã nacional e campeã da Copa Sulamericana de 2011- o Chile assumiu o protagonismo do jogo, atuando dentro do campo colombiano, com o tridente Valdivia/Alexis/Eduardo Vargas vencendo os duelos individuais contra Carlos Sanchez/Mario Yepes/ Luis Amaranto Perea.

Os mapuches souberam explorar a superioridade numérica no meio-campo, controlando o jogo com personalidade e astucia,.A Colômbia foi a campo no 4-1-3-2 com Cuadrado aberto pela direita, Abel Aguilar como segundo volante e James Rodriguez livre, flutuando da esquerda para o centro, como ponta de lança. O gol chileno era uma questão de tempo. Eis que, o zagueiro Perea entregou a bola nos pés de Valdivia, foi então que o maestro palestrino apertou o triangulo de seus joystick para deixar Eduardo Vargas na cara do gol. Ospina cometeu pênalti que Arturo Vidal não desperdiçou.

O que vimos a seguir foi uma avalanche roja. Com um Alexis Sanchez imparável, deixando o veterano zagueiro Yepes desconjuntado. Em 30 minutos, o placar de Barranquilla apontava 3 a 0 em favor dos chilenos. Em Quito, Jefferson Montero anotava o gol do Equador contra o Uruguai. Alivio geral em terras cafeteras.

O resultado praticamente colocavam Chile e Colômbia no próximo mundial. Era a consagração desse curto, porém eficaz trabalho do argentino Sampaoli sob o comando do Chile. O time com seu compatriota Claudio Borghi não funcionava. A Roja entrava no returno em sexto lugar com apenas 12 pontos.

Sampaoli, fã confesso de Bielsa, voltou a escalar o Chile no ultra-ofensivo 3-4-1-2 com Valdivia como armador, municiando a dupla de ataque formada por Alexis Sanchez e Eduardo Vargas. Isla e Mena são os alas da equipe, ao passo que Arturo Vidal e Marcelo Diaz - que lesionado não disputou o duelo dessa sexta - fazem uma dupla de volantes modernos, com ótima chegava ao ataque e qualidade no passe. O trio de zagueiros é composto por Marco Gonzalez como líbero; Gary Medel e Gonzalo Jara como stoppers.

No segundo tempo, o calor e umidade de Barranquilla se fizeram notar. Os chilenos, tão vertiginosos e intensos no primeiro tempo, davam mostra do cansaço. Jose Pekerman colocou Guarin e Macnelly Torres, nos lugares de Abel Aguilar e Medina. Cuadrado foi atuar como lateral-direito, enquanto no meio-campo Carlos Sanchez seguia como carrapato de Valdivia.

A Colômbia sufocou o Chile durante os 10 minutos iniciais, no entanto, Teo Gutierrez e Falcao Garcia seguiam em uma noite pouco feliz, perdendo gols fáceis na pequena área. Tudo caminhava para uma vitória tranquila do Chile, até que Carmona fez falta tola na entrada da área, vendo o segundo amarelo e esquentando de vez o cotejo. Na cobrança, após bate e rebate na pequena área, Teo Gutierrez descontou para a Colômbia.

Jorge Sampaoli reorganizou o meio-campo com a entrada de Francisco Silva e Bousejour, nos lugares de Valdivia e Eduardo Vargas. Era a hora de ousar, Pekerman não hesitou em sacar o volante Sanchez para a entrada do atacante Bacca. Foi então que apareceu a figura do glorioso Paulo Cesar de Oliveira, que vestiu o traje de protagonista ao assinalar um pênalti à brasileira em favor dos anfitriões. Radamel Falcao Garcia não desperdiçou: 3x2.

A seleção cafetera precisava de apenas mais um gol para carimbar o passaporte. Era a consagração de uma campanha segura, com poucos sobressaltos. Radamel Falcao, Teo Gutierrez e James Rodriguez foram os símbolos dessa geração talentosa que trazia de volta a Colômbia ao topo do futebol mundial após 16 anos. No final do jogo, outro pênalti em James Rodriguez. Radamel assinalava a igualdade, desatando a loucura em Barranquilla.

O Chile lamenta o insólito final , mastigando bronca e impotência.Contudo, Chile e Equador estão quase dentro. As duas equipes se enfrentam nesta terça em Santiago, e com um empate se classificam diretamente ao mundial sem depender do resultado em Montevideo, ao passo que o Uruguai depende de um milagre contra a Argentina no estádio Centenário para evitar sua quarta repescagem consecutiva.

Posicionamento tático durante a partida: 




Felipe Bigliazzi Dominguez é colaborador do Pastilhas Coloridas e responsável pelo blog Ferrolho Italiano
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