A vida do Santos pós Neymar


Por Felipe Bigliazzi Dominguez | Futebol | 

Para o torcedor santista, a temporada 2013 será lembrada pela despedida inevitável de Neymar. O Campeonato Paulista deixou em evidencia a Neymardependência do alvinegro da Vila Belmiro, eclipsada por uma pálida atuação nas finais contra o Corinthians. Na decisão, sem a presença de Walter Montillo, o Santos viu o rival levantar a taça atuando no 4-3-3 armado por Muricy; com Rene Junior na contenção, dando maior liberdade para a dupla Arouca e Cicero. Montillo - a grande contratação para 2013 - tampouco disse a que veio durante a campanha no estadual, ficando aquém daquele jogador que encantava a todos em sua primeira temporada pelo Cruzeiro.

Logo na segunda rodada, chegava ao fim a era Muricy com muitos questionamentos e atritos internos com a diretoria. Para piorar, uma grave crise politica se abateu, deixando em cheque a administração de Luis Alvaro Ribeiro. O cenário caótico, somado a um verdadeiro desmanche no time, fazia com que os santistas olhassem com preocupação para o que viria no Brasileirão. Além de Neymar, o goleiro Rafael e o meia-atacante Felipe Anderson também deixaram a Vila. André - que acabou sendo reserva de Miralles em boa parte da campanha - teve uma discreta segunda passagem pelo Santos e também acabou liberado para defender o Vasco.

O Santos que foi a campo contra o Corinthians na decisão do Paulistão
E o que dizer do Santos pós-Neymar?

Sem grandes opões no mercado, Claudinei Oliveira foi o escolhido para substituir Muricy, primeiramente de maneira interina. A ideia era renovar o elenco com jogadores da base campeã da Copinha, capitaneada pelo próprio criador daquele time. Eis que, logo de cara, veio o amistoso contra o Barcelona, que colocou em ridículo os pupilos de Claudinei e a veterana defesa alvinegra.

O jovem treinador escalou o Santos de maneira ingênua, com Cicero e Arouca como volantes, configurando um meio campo sem pegada, a convite do tiki-taka catalão. O 8 a 0 no placar foi um tapa na cara de todos, determinando mudanças drásticas para o começo do Brasileirão, principalmente no sistema defensivo, tão criticado por estar repleto de veteranos.

O divisor de águas: Santos humilhado pelo Barça em pleno Camp Nou 
O Santos foi urgentemente ao mercado, trazendo o lateral-direito Cicinho da Ponte Preta, além do canhoto Eugenio Mena - ala/lateral titular da seleção chilena. Na zaga, Claudinei apostou no jovem Gustavo Henrique, que fez um grande campeonato ao lado de Edu Dracena. No meio de campo, Claudinei acertou a dar a titularidade ao jovem Alison, seu velho conhecido dos times de base, que resolveu o problema na cabeça de área, consagrando-se com um dos jogadores que mais desarmam neste campeonato. Arouca foi recuado para atuar ao lado de Alison neste 4-2-3-1 de Claudinei, com a missão de cobrir as constantes subidas de Cicinho pelo setor.

Com Montillo lesionado e as mudanças táticas processadas, Cicero ganhou liberdade para ser o condutor do time em boa parte da campanha. O meia tornou-se o principal artilheiro da equipe e um dos melhores passadores. No ataque muitas mudanças durante o campeonato, graças a inoperância de William José, somada a inexperiência de Neilton, Leandrinho e Gabriel. A solução, em partes, foi a contratação de Thiago Ribeiro, que atuou ora pela esquerda, ora no comando do ataque , como na goleada sob o São Paulo - talvez a mais relevante atuação do returno.

A melhor atuação na era pós-Neymar: 3 a 0 sobre o São Paulo pelo returno
Com a volta de Montillo e a chegava de Everton Costa, Cícero foi deslocado para o extremo esquerdo da linha de armadores desse 4-2-3-1 armado por Claudinei Oliveira. A lesão de Thiago Ribeiro voltou a dar minutos a Willian José - que até o momento não disse a que veio na Vila Belmiro.

O fato é que em vista a falta de planejamento da diretoria, o Santos - apesar da previsão dos pessimistas - não esteve nunca ameaçado de brigar pelo rebaixamento, mantendo-se inteiramente no meio da tabela, flertando em algumas rodadas com a zona da Libertadores. Para a temporada de 2014 será preciso definir a situação de seu treinador, além de contratações pontuais, principalmente para o comando do ataque.

A volta de Montillo e um esboço para 2014 no 4-2-3-1 de Claudinei Oliveira

Felipe Bigliazzi Dominguez é colaborador do Pastilhas Coloridas e responsável pelo blog Ferrolho Italiano
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