Pixel, frame, Lego e Batman


Fazer um filme ruim dá muito trabalho. Para o minimamente apresentável, eu diria que o triplo. Um filme bom demanda meses de planejamento e uma equipe gigantesca, que reúna tanto profissionais com potencial artístico descomunal, quanto os bons e velhos paus para toda obra, confere? Não exatamente.

Usuário de jornalismo - e audiovisual - Caio Luiz uniu frames e peças de Lego ao apreço pelos quadrinhos para criar o curta-metragem "Batman, o Assalto". Com quase 15 minutos, o roteiro é uma adaptação da revista homônima de Matt Wagner, publicada pela Editora Abril na década de 1990.

Poderia ser apenas mais um curta-metragem com Lego, ou apenas mais uma obra de um fã do Homem-Morcego. Mas não é. A adaptação já merece menção pela experiência sacal de criar frames em stop motion. Sacal, porém genial. O trabalho de presidiário é quase invisível aos olhos destreinados, mas quem já conhece audiovisual sabe: cada frame é uma dor.

Dizem que é praticamente impossível fazer um filme sozinho. E é, por isso, a trilha musical conta com os parceiros de Caio na banda mais canina do ABC, a Pastor Rottweiler. Com direção da jukebox humana Paulio Akio, a trilha une gaitas, guitarras e baixos em tom western em meio a Gotham Desmontável.

Se por um lado trabalhar com atores inanimados com pouco mais de 4 cm parece mais simples, por outro, a direção de arte e fotografia deram um baile debutante para o idealizador do curta. Criar cenários usando poucas peças de Lego, figurinos minúsculos e pensar a luz de cada cena foram alguns dos muitos obstáculos superados. Entre cenas na mansão Wayne, o presídio, a batcaverna e demais cenários, foram ao menos dois anos de produção, 10 mil fotos e muita resiliência para finalizar.

Com referências noir, nuances do expressionismo alemão e a aura pebê que criam a atmosfera, "Batman, O assalto" reúne boas doses de nostalgia em 14 minutos e 45 segundos que valem a pena. Dito isso de maneira bem menos detalhada do que gostaria, deixo aqui o link para o vídeo e as referências e todo o processo de produção do curta, escritas por ele na Ideafixa.

Você pode não gostar do Batman. Você pode não gostar de Lego. Você pode não gostar do filme. Mas não pode deixar de ao menos notar que os três tem algo de muito peculiar - e ao menos dois já são mundialmente conhecidos.



Links relacionados:
Caio Luiz - http://goo.gl/E0cfTI
Pastor Rottweiler - http://goo.gl/g102Cb

Elsa Villon é colaboradora do Pastilhas Coloridas, jornalista e fotógrafa viciada em café, cinéfila, adora Beatles e cheiro de pão saindo do forno. Twitter: @elsavillon
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