Confira 'O Ignóbil em quadrinho' até o fim do mês em SBC


Se você é de São Bernardo do Campo e nunca ouviu falar do WC, você não é de São Bernardo do Campo.

O WC - ou Dáblio C - é mais do que um cara conhecido. Ele é uma entidade, o grão-mestre varonil, uma lenda maior que o proletário metalúrgico e sindicalista dos aqui residentes. Com seu chamado Jeito Ignóbil de ser, o WC entrou na minha vida num bar e parei para prestar atenção no que ele dizia.

Acontece que, mais do que popular, ele desenha. E desenha muito - em qualidade e quantidade. Eis que um dia alguém se deu conta do talento do malungo e decidiu dar a chance das pessoas conhecerem o tal do "Jeito Ignóbil". Política, sandice, os causos amorosos, sarcasmo, o punk carniça e a loucura: tudo isso em linhas do Dáblio C.

No meio dos fanzines desde a década de 1990, o trabalho de Wanderley Coutinho está exposto até 30 de novembro no Teatro Elis Regina, de segunda a domingo, das 8h às 17h.

Abaixo, um pingue-pongue para conferir qual é a do WC?

Pastilhas Coloridas: Quando e como surgiu o convite para a exposição?

WC: Graças ao Facebook! Comecei a publicar Umas tiras e cartuns antigos que estavam engavetados e mais umas charges inspiradas em acontecimentos recentes. Assim umas pessoas do Departamento da Cultura de São Bernardo do Campo se interessaram. Me convidaram para montar a exposição e em três meses bolamos a coisa toda. O legal é que me deixaram totalmente livre para escolher os trabalhos. Não se incomodaram com nenhum dos meus temas, que são um pouco indigestos.

PC: Os trabalhos expostos datam de quando a quando?

WC: Na mostra tem material de 2004 a 2014.

PC: Há um processo criativo com temáticas para suas ilustrações ou vai na epifania mesmo?

WC: Tanto as tiras, os cartuns como as charges surgem de várias formas. Uma cena que observo, uma conversa idiota em uma mesa de bar. Uma notícia de jornal ou minhas próprias paranoias e manias mesmo. Às vezes a ideia vem prontinha na cabe a, ai é só sentar e desenhar. Em outras, passo umas horas cozinhando aquela ideia inicial até sair alguma coisa boa dela. Às vezes funciona.

PC: Quando começou a desenhar?

WC: Me lembro de desenhar desde muito pequeno. Nas paredes, no papel de pão, nos livros da escola... Como eu desenhava melhor do que as outras crianças, chegaram a pensar que eu era mais inteligente. Quando viram minhas péssimas notas na escola, pensaram "Ops! Alarme falso! Ele só é meio esquisito mesmo!".

PC: Sua arte é despretensiosa ou há intenção por trás de cada traço?

WC: Sempre existe alguma pretensão. Contar algo que eu acho engraçado, incomodar, me posicionar diante de alguma situação que eu odeio. Ou simplesmente mostrar um pouco do absurdo da existência mesmo. Umas charges retratando as presepadas da nossa eficiente polícia, que por sinal, estão na exposição e irritaram algumas pessoas. E devo confessar, me deixou bastante satisfeito!

PC: Onde encontrar mais do seu trabalho?

WC: Como fiquei muito tempo sem fazer histórias em quadrinhos por conta da falta de espaços pra publicar, comecei aos poucos a produzir mais e usar das novas ferramentas possíveis. Graças a isso, novos projetos andam surgindo. Uma charge semanal no site Subpraxis, um álbum impresso e coisas assim. Por enquanto, podem ver outros gatafunhos meus na página do Estúdio Gongolo no Facebook!

Confira alguns dos trabalhos de WC...







Serviço
Onde: Teatro Elis Regina - Avenida João Firmino, 900 - São Bernardo do Campo - SP.
Quando: Até o dia 30 de novembro de segunda a domingo das 8 às 17 horas.
Quanto: Entrada gratuita
Link do evento: http://goo.gl/oEMxHq

Elsa Villon é colaboradora do Pastilhas Coloridas, jornalista e fotógrafa viciada em café, cinéfila, adora Beatles e cheiro de pão saindo do forno. Twitter: @elsavillon
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